O magusto ‘original’ a 1 de novembro passou, em 1582, para o dia 11 de novembro, data atribuída a São Martinho.
O Etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira define o magusto de 1 de novembro como uma “merenda festiva de castanhas que se assam em fogueiras de silvas secas, no campo, e se comem aí, com vinho no meio de grandes brincadeiras de toda a espécie, nomeadamente a de as pessoas se enfarruscarem ou tisnarem com tições ou com as mãos”.
Em tempos idos, sobretudo nas regiões do interior de Portugal, faziam-se magustos a 1 e a 11 de novembro, com grandes fogueiras onde a população se aquecia, assava castanhas e bebia jeropiga.
Segundo o autor José Leite de Vasconcelos, o magusto representa um sacrifício em honra dos mortos, explicando que em tempos, nalguns locais, era tradição acender as fogueiras e preparar, à meia-noite, uma mesa com castanhas para os mortos da família irem comer.
Pode dizer-se que a ‘tradição’ do magusto de 1 de novembro tem quase 500 anos e se manteve bastante ativa ao longo dos séculos, sobretudo no norte de Portugal, onde ainda existem algumas referências.
E parece que tudo se explica com um ‘salto’ no calendário, de 1 de novembro para 11 de novembro, assim explicado:
Em 1582, através de uma Bula Papal, com a aplicação do calendário gregoriano em Portugal e Espanha, decidiu-se que nesse ano, para se retiraram dez dias ao calendário, do dia 4 de outubro passava-se diretamente para 15 de outubro.
Aconteceu que nas regiões em que o magusto era tradição secular, houve uma possível deslocação de dez dias nas festas, passando estas de dia 1 de novembro para dia 11 de novembro, para as fazer corresponder ao calendário original. Ao novo dia 11 de novembro corresponderia então a antiga passagem de ano celta, arrastando consigo inúmeras tradições de cariz pagão, também elas cristianizadas mais tarde com a atribuição desta data a São Martinho de Tours, um dos grandes impulsionadores da fé cristã em solo europeu.
No magusto de Todos os Santos a tradição era comer castanhas assadas e beber vinho, como se passou a fazer no S. Martinho e, como se refere acima, preparar, à meia-noite, uma mesa com castanhas para os mortos da família irem comer.
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