Presidente americano quer reverter o ‘programa de refeições mais saudáveis’ de Michelle Obama.
Donald Trump defende que o objetivo é diminuir o desperdício alimentar pois os alunos rejeitam (desperdiçam) aquilo de que não gostam. Reforçando o argumento de Trump, o secretário da Agricultura Sonny Perdue declarou que é “necessário haver maior flexibilidade no senso comum para conseguir dar aos alunos refeições nutritivas e apetitosas”, lê-se num comunicado.
Claro que nutricionistas e organizações ligadas à saúde vieram imediatamente contestar esta medida, enquanto alguns sectores da indústria e do lobby alimentar aplaudiram a sugestão.
O membro do Centro de Ciência de Interesse Público Colin Schwartz, mostrou preocupação porque esta medida vai “permitir às crianças escolherem ‘pizza’, hambúrgueres, batatas fritas e outros alimentos ricos em calorias e gorduras saturadas” quando, acrescentou, “o que deveria fazer-se era incentivar à existência de menus escolares equilibrados todos os dias”.
Já a professora de Nutrição na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, Juliana Cohen, declarou ao The New York Times que o programa lançado em 2012 por Michelle Obama “melhorou consideravelmente as dietas de milhões de crianças, destacando-se as mais vulneráveis que vivem em famílias com níveis elevados de insegurança alimentar”. Quanto ao argumento do desperdício alimentar, Juliana Cohen acrescentou que “este já era um problema antes de estes padrões alimentares mais saudáveis terem sido postos em prática, portanto revertê-los não irá resolver a questão”.
“As crianças precisam especialmente de ser expostas a frutas e vegetais que não sejam processados”, acrescentou.
Esta medida da administração Trump está a provocar grande debate pois sabe-se que uma em cada cinco crianças e adolescentes nos Estados Unidos tem peso acima do recomendado para a sua idade. Estima-se em cerca de 14 milhões de crianças nesta situação pelo que, alterar a qualidade das refeições escolares, pode ser um retrocesso perigoso para a saúde destes jovens.
A iniciativa que Michelle Obama implementou em 2012, foi considerada crucial para combater a obesidade infantil nos Estados Unidos, com medidas que colocaram restrições às quantidades de sal e leites adoçados, além de impor o aumento da presença de cereais integrais nas refeições escolares.