//Sardinhas doces da Nazaré

Sardinhas doces da Nazaré

Forma alongada do ‘recheio’ pretende fazer lembrar um dos peixes que dá mais fama à atividade piscatória.

Este bolo é uma das imagens de marca da vila da Nazaré, cuja forma alongada pretende fazer lembrar um dos peixes que dá mais fama à atividade piscatória dos habitantes da povoação. Como acontece com uma grande parte da oferta gastronómica regional, também neste caso se desconhece a sua origem, mas dada a sua divulgação entre os naturais da vila, acabam por ser do conhecimento dos veraneantes e mesmo dos que só passam ocasionalmente pela Nazaré, encontrando-se à venda em apenas algumas pastelarias da povoação.

Ingredientes
Para a massa: 500 g de farinha de trigo; 200 g de manteiga; 50 g de banha; sal q.b. Para o recheio: 8 gemas de ovos; 2 chávenas de chá de açúcar em ponto de espadana; 1 chávena de chá de doce de gila; açúcar em pó q.b.

Preparação
Misturam-se as gorduras às quais se adiciona a farinha, assim como o sal e a água necessária para formar uma massa que fique com a consistência da massa tenra. Estende-se a massa não muito fina e corta-se ao meio. Para o recheio, prepara-se a calda de açúcar em ponto espadana, que se deita em fio sobre as gemas, mexendo rapidamente. Leva-se ao lume e, quando começar a engrossar, junta-se o doce de gila escorrida do xarope. Leva-se de novo ao lume até voltar a ferver, retira-se do lume e deixa-se arrefecer. Numa das partes da massa tendida, deitam-se colherzinhas de recheio de ovos, um pouco espaçados. Cobre-se com a outra parte da massa e com a carretilha ou um molde recorta-se a massa com o formato de sardinhas. Vai ao forno. Servem-se envolvidas em açúcar em pó.

Harmonização proposta pela CVR Lisboa
As Sardinhas Doces da Nazaré são uns bolos que apetece comer a qualquer hora e em qualquer lugar. Pode prová-los numa qualquer esplanada do Sítio da Nazaré ou subir-lhes o estatuto para sobremesa. Nesse caso, acompanhe-as com um cálice de vinho licoroso de Óbidos, da zona do Sanguinhal e do Bombarral.


Nazaré
Existem duas Nazarés. Uma é feita de pescadores, de homens do mar, de mulheres vestidas de preto, gente com os olhos, o coração e o sustento postos no oceano revolto. A outra é uma babel composta por uma população flutuante que aflui aqui, vinda do mundo, à procura da onda gigante perfeita que irá constar num famoso livro de recordes, ou de um bonito tom de pele conseguido num areal a perder de vista e potenciado pelo ar saturado de iodo. Estas duas realidades encontram-se quando os habitantes locais se esmeram na hospitalidade: nos restauran¬tes servem com orgulho os pratos confecionados com o pescado do dia, nas ruelas abrem as suas ca¬sas ao turismo numa oferta expressa de Chambres, Rooms e Zimmer.
O turismo e a pesca são as atividades que fazem pulsar a vila. Quando Ramalho Ortigão publicou ‘As Praias de Portugal – Guia do Banhista e do Viajante’ em 1874, já a Nazaré “era destino de férias principalmente ocupada pelos banhistas das Caldas e pessoas d’aquellas redondezas da Extremadura : Pombal, Leiria, Torres Novas, Santarém”. Com o tem¬po, internacionalizou-se. Em 2011, o surfista ameri¬cano Garrett McNamara levou esta faixa costeira às bocas do mundo, depois de ter cavalgado uma onda de quase 30 metros e, imediatamente, a Nazaré tornou-se destino de peregrinação do amante deste desporto radical de qualquer parte do globo. Mas, esta ondulação furiosa que hoje fascina os turistas foi, desde há séculos, motivo de temor e de luto para a população que dependia do mar para viver. Apesar do risco, a pesca, a transformação do pescado, o pitoresco processo da seca e a venda de peixe, são, ainda hoje, a principal atividade da população.

Texto e foto: Livro ‘ Os Sabores da Nossa Terra’: Leaderoeste – Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural do Oeste.