//Portugueses aceitam comer menos carne

Portugueses aceitam comer menos carne

E muitos mostram-se recetivos a pagar mais por carne de produção mais sustentável.

Trata-se de resultados do no II Grande Inquérito sobre Sustentabilidade no qual, entre os inquiridos que manifestam maior disposição para a mudança de hábitos destacam-se as mulheres, os que possuem nível de escolaridade elevado (ensino superior) e os residentes em áreas metropolitanas.

No estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, mais de metade (50,6%) dos inquiridos manifestaram disposição para reduzir o consumo de carne e para seguir uma alimentação de base vegetal (45,1%). Cerca de metade (46,6%) mostrou-se disponível para pagar mais por carne proveniente de métodos de produção mais sustentável.

O estudo, coordenado pelas investigadoras Luísa Schmidt e Mónica Truninger, indica que os produtos de origem animal (como a carne e o peixe) ainda ocupam uma posição central nas principais refeições dos portugueses, fazendo parte daquilo que entendem como uma refeição culturalmente adequada, mas os inquiridos mostraram-se globalmente disponíveis para alterar os seus hábitos alimentares e mudar “algumas práticas culturalmente estabelecidas”.

Os resultados mostram igualmente que “a generalidade dos inquiridos se mostra familiarizada com o conceito de agricultura biológica”. “Há uma adesão progressiva ao modo de produção biológica. Relativamente ao anterior inquérito, as pessoas já conhecem bem a agricultura biológica, valorizam-na e compram. Têm mais confiança e defendem até a introdução nos refeitórios e cantinas escolares, sobretudo porque há também uma preocupação muito grande com os mais novos”, explicou a investigadora do ICS Luísa Schmidt.

Já quanto à rotulagem dos produtos, os portugueses não se mostram muito informados sobre os símbolos associados às práticas de produção sustentável. Mais de metade (57%) não reconhece qualquer um dos símbolos apresentados no inquérito e os mais reconhecidos — o certificado de agricultura biológica — só é mencionado por 20,9% dos inquiridos.

O estudo analisou 1.600 inquéritos a residentes em Portugal, maiores de 18 anos, estratificado por região, género e idade e decorreu entre 7 de novembro e 13 de dezembro de 2018.