Alguns cemitérios americanos recebem milhares de pessoas anualmente em atividades que vão de piqueniques a sessões de cinema.
O Congressional Cemetery, em Washington, promove sessões de cinema ao ar livre batizadas de «Cinematery». Aos sábados, há passeios guiados, e na primeira quinta-feira de cada mês, uma caminhada noturna que inclui, no final, uma taça de vinho.
Mas ainda mais inusitado é o que acontece no Holy Sepulchre, em Hayward, na Califórnia, onde são promovidas degustação de vinhos premiados, produzidos por videiras plantadas no próprio cemitério.
“Muitos pessoas esquecem-se, ou não sabem, que há cem anos ou mais, as pessoas usavam os cemitérios como parques, onde passavam o dia, faziam piqueniques, se reuniam com amigos, mesmo se não tivessem familiares enterrados no local”, afirmou Paul Wiliams, presidente do Congressional Cemetery.
Aulas de ioga, clubes de leitura, projeção de filmes ao ar livre, passeios noturnos para explorar monumentos fazem parte da programação, semelhante à de muitos parques no verão americano. A diferença é que no cemitério histórico de Washington, as atividades são realizadas entre os túmulos de políticos famosos e heróis da Guerra Civil dos Estados Unidos.
Neste cemitério, todos os anos, em outubro, uma das principais atrações é a Dead Man’s Run, uma corrida de 5 km em que os participantes, muitos deles fantasiados, atravessam o cemitério ao som de música. O preço da inscrição inclui uma camisola e uma cerveja.
“Particularmente em grandes cidades, onde há cemitérios especialmente grandiosos, este tipo de programação vem crescendo nos últimos 10 ou 15 anos”, disse à BBC Brasil o professor de história da arquitetura Keith Eggener, da Universidade de Oregon, autor de um livro sobre a evolução dos cemitérios americanos.
A justificação para o incentivo destas atividades nos cemitérios é o facto de “muitos terem a capacidade esgotada, não lhes permitindo arrecadar fundos com a venda de espaço e por isso precisam de ser criativos para cobrir os custos de manutenção”, declarou Williams, presidente do Congressional Cemetery.
