Cumpriu-se a tradição da ‘Benção das Fogaças’ no dia de Santo Amaro.
No passado dia 15 de janeiro a Confraria Gastronómica de Palmela promoveu, mais uma vez, a cerimónia da ‘Benção das Fogaças’. A igreja de São Pedro na vila palmelense recebeu os fiéis e as fogaças que, depositadas em cestos de verga, foram benzidas e posteriormente leiloadas por valores simbólicos, com a receita financeira a reverter para a igreja.
Cumpriu-se assim a tradição que esteve interrompida durante anos, mas foi recuperada há pouco mais de uma década pela Confraria de Palmela com o objetivo de manter esta tradição dedicada a Santo Amaro e evitar o desaparecimento deste ‘biscoito’ com base na massa de pão, com um toque especial de aroma e sabor a erva-doce e canela.
E o objetivo está a ser cumprido pois as fogaças de Palmela já são vendidas em padarias e outros estabelecimentos e merecem mesmo uma iniciativa da Câmara Municipal em que um conjunto de restaurantes do concelho apresentam, este ano entre18 e 20 e 25 e 27 de janeiro, nas suas ementas entradas, pratos principais e sobremesas, em que as fogaças integram os ingredientes.
Diz a tradição que a Santo Amaro, a quem são dedicadas as fogaças, se faziam pedidos especiais dos coxos, doentes de reumatismo e de gota para salvação ou melhoria dos seus males.
Por essa razão eram benzidas as fogaças cujas formas representavam as partes do corpo que tinham sido alvo de promessa ao santo e por isso se encontravam fogaças em forma de pés, de pernas, de braços, mas também de animais ou produtos do mundo rural se as promessas haviam sido feitas para interceder pela saúde dos animais ou por boas colheitas.
As fogaças de Palmela têm como base a massa de pão a que é adicionado açúcar amarelo, farinha, banha de porco, ovos, sumo e raspa de laranja, aguardente, canela e erva-doce.
Fogaça (em geral)
No Dicionário Priberam:
Bolo ou pão cozido, cujo formato e ingredientes variam de região para região.
Bolo ou presente que se oferece à capela ou à igreja, em festas populares, para depois ser vendido no leilão que ajuda a custear as despesas da festa.
No Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa (Virgílio Gomes)
Termo antigo para pães baixos e pouco lêvedos.
No Dicionário de Gastronomia (Maria Antónia Goes)
Designação medieval para os pães delgados, cozidos debaixo das cinzas ou por rescaldo.