A confeção das refeições nas escolas e a aquisição dos produtos maioritariamente junto de produtores locais para garantir melhor qualidade alimentar, são algumas das exigências.
O presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, defende que as refeições nas Escolas devem ser produzidas nas próprias escolas com alimentos comprados com recursos públicos, produzidos por agricultores locais. Esta forma de produzir as refeições “será mais saudável do que se passa em grande parte das escolas no nosso país, onde os produtos e bens alimentares confecionados são produzidos a dez mil quilómetros de distância”, defendeu a confederação em comunicado enviado para a agência Lusa.
As inspeções realizadas recentemente pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que culminaram com a suspensão de atividade de uma cantina escolar por incumprimento dos requisitos de higiene e a instauração de 28 processos a operadores de refeitórios em escolas, constituem a principal motivação para esta tomada de posição da CNIPE.
Apesar de a maior parte das refeições escolares serem fornecidas como resultado de concursos locais, o que acontece através das autarquias “que até têm nutricionistas para acompanhar e controlar as refeições”, lembra Rui Martins, esses concursos “acabam por adjudicar a duas empresas a nível nacional que passam a gerir um pacote de mais de 50 milhões de euros”, critica o dirigente.
Curiosamente, estas são posições também defendidas pelo representante em Lisboa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, Francisco Sarmento, que defende a criação de um Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional em Portugal, que poderia intervir na melhoria das refeições escolares.
“Se as escolas tivessem acesso a alimentos comprados com recursos públicos, produzidos por agricultores locais, seriam mais saudáveis do que aqueles que eventualmente estão a fornecer às crianças neste momento, que são produzidos a dez mil quilómetros de distância. Certamente em relação à saúde teria impacto, e em relação ao orçamento da família também. Para quem produz os alimentos comprados pelas escolas significaria uma melhoria do seu modo de vida e a possibilidade de permanecer no meio rural porque poderia ter rendimentos da atividade agrícola”, defendeu Francisco Sarmento em entrevista publicada no jornal Público.
Fonte:Lusa