//‘Outros’ cozinheiros falam do Chefe Silva – Biografia (22)

‘Outros’ cozinheiros falam do Chefe Silva – Biografia (22)

O que disseram o Chefe Chakal, Filipa Vacondeus e o Chefe António Lourenço.

Na biografia editada em 2008, percebia-se que a influência e o contributo do Chefe Silva fez-se sentir um pouco por todo o país entre os profissionais do sector, como testemunham:

Chakal nasceu em Tigre, Buenos Aires e uma década depois de ter chegado a Portugal, era já uma das novas referências da culinária.

“…descobri uma pessoa com as mesmas bases, apesar de pertencermos a outro tempo.”

“Conheci o Chefe Silva através de um artigo numa revista, há já muitos anos, e lembro-me que senti um enorme respeito e admiração, logo de imediato.
Uma admiração que ultrapassa a forma de cozinhar de uma pessoa e vai até ao significado que tem para a cozinha portuguesa, primeiro na sua difusão no próprio país, e depois, no mundo.
Fiquei de imediato com a sensação de se tratar de uma pessoa que aplicava força e alegria no que faz.
No dia em que o conheci pessoalmente, antes de entrar num programa de TV, descobri uma pessoa com as mesmas bases, apesar de pertencermos a outro tempo.”

 

Quem também ganhou popularidade a “cozinhar na televisão” mas não se assume como Chefe de cozinha é;

Filipa Vacondeus

“…noutro país teria certamente uma popularidade e um reconhecimento ainda maiores…”

Começou a fazer televisão em 1983, com o programa ‘Cozinhar é Fácil’ e, do Chefe Silva diz:
“é um homem por quem tenho uma estima muito especial, que noutro país teria certamente uma popularidade e um reconhecimento ainda maiores, pois é uma das pessoas que melhor conhece a cozinha tradicional portuguesa”. Como que a sublinhar a afirmação, acrescenta que “ele é capaz de explicar como se faz o borrego assado numa aldeia e as diferenças de confeção do borrego, três aldeias depois.”
Revela um facto curioso: “nenhum de nós, alguma vez comeu alguma coisa feita pelo outro.”
Filipa Vacondeus faz questão de afirmar que “não sou Chefe de cozinha, sou uma dona de casa, com boa mão”.
Chamavam-lhe a ‘senhora dos restinhos’ pois soube adaptar-se às dificuldades que se vivam no início da década de 80. Confessa o prazer que lhe deu transmitir aos outros “o que aprendi com as vicissitudes da vida. Tive momentos altos, momentos médios e momentos muito difíceis, mas do nada, fazia tudo”
Quanto ao Chefe Silva, “ensinou ao público, até mais pela teleculinária do que pela televisão, o que é a cozinha tradicional portuguesa. Mas de uma forma simples e por isso se tornou uma figura tão popular”.

 

Esteve com o Chefe Silva na fase inicial da Associação de Cozinheiros e Pasteleiros de Portugal pela qual “lutámos muito”, recorda orgulhoso o;

Chefe António Lourenço
(Monitor na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa)

“…são filhos que aprenderam com os pais, que por sua vez se apoiaram nas receitas do Chefe Silva”.

Admira-lhe a persistência na defesa da cozinha tradicional portuguesa e acredita que
“o trabalho que ele fez continuará certamente a ser explorado no futuro pois conseguiu uma recolha fantástica de receitas que recebia de imensos lados, dando-lhes o seu cunho”.
Recuando duas ou três décadas, encontra-se “uma realidade na restauração de então, na qual uma grande parte dos nossos restaurantes eram familiares, sem formação, pelo que as receitas dele eram copiadas fielmente e constituíram uma importante ajuda”, afirma o Chefe Lourenço acrescentando que muitos dos atuais cozinheiros “são filhos que aprenderam com os pais, que por sua vez se apoiaram nas receitas do Chefe Silva”.
Mas para que não se pense que as influências se faziam sentir apenas junto dos mais discretos restaurantes no interior do país, o Chefe Lourenço conta: “Trabalhei num restaurante, o Tágide, uma casa de luxo, que era o único estrela Michellin em Portugal a seguir ao Aviz”, distinção a que na altura não se dava o destaque que agora merece. “Pois tínhamos lá uma receita que pode dizer-se que foi ele que a recuperou. Eram os pezinhos de coentrada que estavam esquecidíssimos mas que depois de recuperados, nós mantivemos na carta durante os sete anos que estive na casa”.

Patrocínio:

(Do valor dos patrocínios, 25% é atribuído à área de Formação da ACPP – Associação de Cozinheiro Profissionais de Portugal, de que o Chefe Silva foi um dos fundadores.)

Pode consultar todos os capítulos já publicados em:
https://jornalsabores.com/category/gastronomia/chefe-silva/