O principal ‘capital’ dos restaurantes são os clientes e entre estes, os que vão ser fundamentais são os clientes/´amigos´.
A partir de dia 18 de maio os restaurantes, cafés, pastelarias e esplanadas podem reabrir as portas ao público, embora com um conjunto de regras de funcionamento especificamente criadas com o objetivo de conter a transmissão da Covid-19.
É, sem dúvida, um enorme desafio para os empresários, não apenas pela incerteza da reação dos clientes mas também pelas regras que são impostas e que, obviamente, são reconhecidas como necessárias, mas temidas porque representam mais custos, num previsível cenário de menos receitas.
Este pode ser o momento de dar mais atenção ao ‘serviço de sala’, aqueles (as) que são conhecidos como ‘empregados de mesa’ e representam, em muitos casos, o ‘rosto’ que liga o cliente ao restaurante. São também eles que, em muitos casos, nos recomendam o prato e até se recordam do que não podemos ou não gostamos de comer. São eles (e elas) que nos cumprimentam à chegada e sorriem à saída sugerindo que regressemos e que desculpam o encontrão da criancinha que não para de correr entre as mesas (ver, nesta edição o artigo ‘cozinha da avó proíbe entrada a crianças’).
Mas é também o serviço de sala que nos faz jurar não mais voltar aquele restaurante, pela falta de profissionalismo do serviço de sala. Na maior parte das vezes, porque se trata, efetivamente, de «não profissionais» que estão ali a fazer biscates e, portanto, não possuem qualquer qualificação para as funções.
Claro que a cozinha é também importante, embora muitos clientes já se esqueçam que ainda existem cozinheiros (as), independentemente de muitos deles (demasiados?) preferirem (exigirem?) ser tratados por chefes.
A grande maioria dos cozinheiros ou chefes são também proprietários e vão ter nos próximos tempos grandes desafios que vão muito para além da cozinha já que as tais ‘regras de funcionamento’ vão exigir novos custos e poucas certezas nas decisões.
São as marcações de mesas, os dispensadores de solução à base de álcool, o reforço dos protocolos de limpeza e de higienização de todas as zonas de contacto frequente, o distanciamento entre mesas e agora também a dúvida sobre a utilidade ou não de novas ‘soluções’ como as ementas online para que o cliente use o seu próprio telemóvel para consultar a oferta, as máquinas para pagamento em dinheiro sem tocar nas notas e moedas ou mesmo os separadores de mesas em acrílico, entre outros desafios.
Mas o principal ‘capital’ dos restaurantes são os clientes e entre estes, serão os… clientes/amigos. Sim, todos os clientes têm aquele (ou aqueles) restaurante onde vão regularmente e gostam que lhes perguntam pela saúde, por determinado membro da família, se já está resolvida aquela situação, etc.
Este, o ‘tal’ cliente que também é um amigo, vai juntar ao enorme desejo de voltar ao restaurante, pela comida e pelo serviço, a vontade de contribuir para a continuidade do negócio ‘daquele’ amigo. E comprovada a ‘confiança’ que depositou ao retornar, vai certamente transmitir essa mensagem a outros que poderão passar a ser também clientes/amigos.
E há que contar ainda com aqueles que vão entrar talvez com alguma dúvida sobre a comida, sobre o serviço e talvez com algum receio pela atual situação e que é conquistar, para que passem a ser também, clientes/amigos.
Os apoios do Estado serão importantes e fundamentais, a eventual colaboração do gestor de conta do banco e a confiança dos fornecedores também. Mas o grande ‘capital’ do restaurante sempre foi e será agora ainda mais… o cliente.
Porque um dos maiores prazeres dos portugueses é estar à mesa, de preferência, com amigos por perto, mesmo que venham de máscara porque neste caso, não é para nos assaltarem, mas para nos protegerem.
Foto de Capa: Restaurante Torres em Vila Verde (Braga)
NR – A foto do ‘boneco’ cozinheiro pretende apenas recordar a simpatia e ‘ternura’ com que eram vistos (de certa forma ainda são) os cozinheiros.
Leia também, nesta edição – Restaurantes: precisamos de ajuda
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