Na procissão de Santa Bebiana ‘padroeira dos bêbados’, o povo segue o andor com um pipo de vinho.
Muito provavelmente ainda não é no final deste ano que se retoma a procissão (profana) que desde 2005 se realiza em Paul, freguesia do concelho da Covilhã. A pandemia impediu que os ‘fiéis devotos’ cumprissem a sua própria vontade no final do ano de 2020 e, este ano, há uma esperança, mas pequena.
Santa Bebiana 2019 foi a 15ª e última edição, entre 29 de novembro e 1 de dezembro e aquela que é conhecida como a ‘Capital da Jeropiga’ voltou a receber muitos milhares de foliões para participar em várias atividades, mas como sempre, foi a procissão profana em que ‘Bebiana’ é representada por um pipo (barril) de vinho que, em cima de um andor e com muitas centenas de pessoas a segui-lo, percorre as ruas da localidade.
Na página do evento no facebook (Santa Bebiana – Capital da Jeropiga – Paul/Covilhã), assume-se que “pouco se conhece da história da Santa Bebiana nesta vila, resultante de não existir um grande saber popular desta profanidade. Infere-se que, é a padroeira do vinho, outrora festejada por pastores e agricultores, durante o mês de Dezembro”.
Perante a escassez de registos sobre o evento, “e a avaliar pelo que dizem os mais idosos, os pastores andavam com o gado nos vales do Paul e arredores, colocavam os chocalhos na cintura e, com os ganhões, festejavam junto às pipas de vinho. Após a ronda por todos os pipos, faziam uma grande ceia, onde o mais atrevido pregava o sermão para os ‘irmãos’ e rezava-se o Pai Nosso dos Bêbados”.
E foi com a cedência de registos escritos, “por parte da esposa do pastor/pregador de Santa Bebiana, durante muitos e muitos anos o responsável pela realização deste costume que acabou por perder-se após a sua morte”, que a Casa do Povo de Paul conseguiu recuperar esta iniciativa em 2005, promovendo desde então uma verdadeira ’romaria’ de forasteiros a estas terras beirãs.
A começar as festividades assiste-se à chegada da ‘santa’ que vai ser o centro das atenções na procissão profana, seguida de sermão bebiano que, com irreverência, satiriza a vida comunitária. A ‘santa’, evidentemente que não é uma ‘santa’, mas pelo teor dos festejos, bem se pode dizer que está sempre presente… o deus Baco.
Se recuarmos musicalmente uns anos, encontramos no álbum ‘84’ dos Trovante o tema ‘Procissão de Santa Bebiana’, com quadras populares como esta:
Hei-de morrer numa adega/ Um tonel ser meu caixão
Hei-de levar de mortalha/ Um copo cheio na mão
Dois e dois são quatro – bela carne tem o pato
Três e dois são cinco – vai do branco se não há tinto
Fotos do andor: Inforpaulense/Jornal Digital do Paul
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