//Novo ‘ataque’ ao vinho?
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Novo ‘ataque’ ao vinho?

Parlamento Europeu vai votar medidas de restrição ao consumo de bebidas alcoólicas.

Aumento de impostos e ‘avisos’ nas garrafas, como acontece com os maços de tabaco, são hipóteses em aberto no debate e votação de uma proposta que a Comissão Especial para a Luta contra o Cancro, apresentará no próximo dia 15 de fevereiro no Parlamento Europeu.

A referida comissão, que reporta diretamente ao Parlamento, argumenta que “não há uma quantidade segura de álcool” e tudo indica que defenderá a colocação de avisos nos rótulos das garrafas, para desincentivar o consumo de bebidas destiladas, mas também cerveja e vinho.

O setor do vinho mostra-se preocupado e a própria OIV – Organização Internacional da Vinha e do Vinho estará já a intervir no sentido de conseguir moderação nas medidas a implementar que, de acordo com a proposta poderá mesmo levar a aumentos de impostos para diminuir o consumo.

No caso de Portugal, que se aproxima dos mil milhões de euros de exportações com França, Reino Unido e Alemanha como principais compradores na Europa, é grande a preocupação com mais esta ofensiva que inevitavelmente terá impacto nas vendas dos nossos vinhos para mercados europeus.

José Arruda, da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMP) considera que, a concretizar-se a imposição de medidas deste tipo, “será um ataque a uma atividade que faz parte da nossa cultura e contribui muito significativamente para a economia nacional e das regiões, nomeadamente na vertente do enoturismo”.

O secretário-geral da associação que integra atualmente uma centena de municípios produtores de vinho lembra que a AMPV e a ARVP – Associação da Rotas do Vinho de Portugal integram o programa ‘Wine in Moderation’, através do qual e em parceria com os municípios desenvolvem ações de sensibilização ao consumo moderado de vinho e que “esse é que deve ser o caminho, pois o que está em causa é a distinção entre consumo excessivo e consumo moderado” acrescentando ainda que “deve igualmente ser tida em conta a diferença entre as bebidas com álcool”.

A AMPV e a ARVP “tomarão uma posição de contestação a eventuais medidas restritivas, que certamente será acompanhada pelas nossas congéneres europeias e pela Rede Europeia de Cidades do Vinho (RECEVIN), que representa mais de 600 municípios e de que a AMPV é atualmente presidente”, conclui José Arruda.

Já Ana Isabel Alves, secretária-geral da ACIBEV – Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal considerou, ao Expresso, que em causa está uma postura considerada “radical e fundamentalista que vai beber diretamente à fonte da Organização Mundial de Saúde para tratar todos os tipos de álcool da mesma maneira”.

“E quando o objetivo não é acabar com o consumo excessivo, mas com o consumo per se, a questão principal  acaba por não ser tratada porque a população em geral talvez corte o consumo, mas o foco principal, que é quem bebe de forma abusiva, acaba por ser perdido. Esses vão continuar a beber em excesso” e é nesse grupo que pode haver risco de cancro, designadamente de esófago, estômago e mama, segundo alguns estudos”, acrescentou.