Um estudo relacionado com a alimentação e sustentabilidade revela que apenas 5% dos portugueses têm hábitos de consumo de refeições à base de vegetais.
Quase 80% dos inquiridos para a realização desta investigação considera que o governo deve intervir na promoção de práticas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
Este estudo deu origem ao livro ‘Sustentabilidade e Alimentação: Segundo Grande Inquérito em Portugal’ que compila os dados obtidos no período pré-pandemia, o seu enquadramento em contexto pandémico e as tendências ocidentais no que toca à alimentação.
De acordo com os investigadores, os atuais padrões de produção e de consumo de carne têm sido apontados como um dos principais fatores de risco para o aparecimento de novos surtos pandémicos.
“As estimativas mais recentes indicam que podem existir atualmente cerca de 1,6 milhões de vírus por identificar em mamíferos e aves, metade dos quais com potencial de atravessar barreiras interespécies, e adaptar-se a hospedeiros humanos”, lê-se na obra.
As aves, os porcos e as vacas são animais propensos a hospedar vírus influenza, como a gripe das aves ou a gripe suína.
“Embora a alimentação de base vegetal ainda tenha uma expressão reduzida entre os portugueses (5% come, pelo menos, sete refeições de base vegetal por semana), muitos demonstram abertura para uma mudança de hábitos alimentares, sobretudo as mulheres, os mais novos, os mais escolarizados e os residentes em áreas metropolitanas “, destacam os investigadores.
Os inquiridos revelam que as maiores dificuldades que enfrentam na implementação de uma dieta com um consumo maior de refeições à base de vegetais são o custo associado (39,6%), a falta de sabor e saciedade (18,2%), a segurança alimentar (14,9%) e a falta de acessibilidade (11,4%).
“Em Portugal, comemos açúcar, sal e gorduras a mais e frutas e legumes a menos. Estes problemas são agravados pelas desigualdades que caracterizam o tecido social do país e precisam de ser conhecidos com maior profundidade”, defendem os investigadores.
Os autores da obra, Mónica Truninger, Luísa Schmidt, João Graça, Luís Junqueira e Pedro Prista recorreram a diversa bibliografia para defender que a transformação para sistemas alimentares ambientalmente mais sustentáveis implica “profundas alterações” nos sistemas de produção e consumo, visando a proteção da biodiversidade e colmatando os efeitos das alterações climáticas.
Fonte: Lusa