Produtores de vinho só vão comprar metade da colheita prevista para este ano.
Como sempre acontece com quem vive do que a terra dá, os viticultores madeirenses deveriam estar satisfeitos com a previsão de colheita de uvas na vindima que está prestes a iniciar-se, que apontam para quatro mil toneladas, mais 5% que no ano passado.
Mas com os produtores de vinho, face à grande baixa de vendas e como consequência, os armazéns cheios, a declarar terem capacidade para comprar apenas as quotas estipuladas, o resultado será ficarem duas mil toneladas sem destino. Resta esperar por soluções do governo madeirense.
O director-geral da Justino’s Madeira declarou ao jornal ‘Público’ ser “compreensível” que os produtores não estejam recetivos a comprar grandes volumes de uvas nesta vindima, revelando que “a maior parte das empresas já comunicou ao IVBAM a intenção de apenas adquirir as respetivas obrigações de compra, que em 2019 foram de 2,2 mil toneladas.”
Em finais de julho o IVBAM – Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira publicou dados que mostram que a comercialização de vinho generoso ‘Madeira’, comparativamente ao período homólogo, “registou decréscimos de 26,1% na quantidade e de 40,8% no valor, evidenciando os efeitos da situação pandémica”.
Quando analisados os resultados das exportações para os países da União Europeia, em termos homólogos, verifica-se “um ligeiro aumento de 0,4% em volume, mas uma diminuição de 9,9% em valor, enquanto as exportações para países terceiros tiveram quebras acentuadas, de 32,5% em quantidade e 40,2% em receitas de primeira venda”.
Já as vendas no mercado interno no 2.º trimestre de 2020 caíram em volume -83,7% e em valor -87,5%, com o mercado regional numa situação mais grave, registando -85,9% em volume e 89,6% em valor), “refletindo a afluência muito reduzida de turistas no trimestre de referência”.
Comparativamente à informação do 1.º semestre de 2020, observa-se que “tanto a quantidade comercializada como o valor de primeira venda apresentaram variações homólogas negativas de 15,3% e 18,5% respetivamente”.
Em sentido positivo, embora insuficiente, a informação do IVBAM destacam “os aumentos nas vendas para os mercados da Suécia (+80,3% em quantidade e +56,9% em valor), da China (+37,9% nas quantidades e +90,4% em valor) e da Alemanha (+30,3% nas quantidades e +28,6% em valor).