Ti Zé da Avó, era um salineiro de Alcochete que aproveitava as horas de lazer para caçar.
José Francisco da Avó, mais conhecido pelo nome de Ti Zé da Avó, era um salineiro de Alcochete que, nas proximidades da coutada do conde de Cabral, aproveitava as horas de lazer para caçar. Nesse tempo, abundavam por ali diferentes espécies cinegéticas, por isso, as lebres, apesar da velocidade e das manhas que empregavam para fugir aos caçadores, eram, com frequência, vítimas do passatempo do salineiro. Com o produto da sua caça, criou ele esta receita que se tornou um prato típico desta zona da Península de Setúbal e, atualmente, na época da caça, faz parte da oferta gastronómica de alguns restaurantes desta vila ribatejana, muito ciosa da preservação do seu património cultural.
Ingredientes
1 lebre; 300 g de toucinho; 3 tomates; 1 cebola; 1 pimento; 3 dentes de alho; 3 folhas de louro; 2 dl de vinho tinto; 0,5 dl de vinagre; batatas, sal, pimentão e pimenta q.b. .
Preparação
Corta-se a lebre aos pedaços e põe-se dentro de uma panela com 3 folhas de louro, sal q.b. e água suficiente para lhe dar uma meia cozedura. Retira-se a lebre da panela e deita-se fora a água. Coloca-se a lebre numa marinada com pimentão, pimenta, alho, cebola picadinha, vinho tinto e um pouco de vinagre, até ao dia seguinte. No recipiente para cozinhar, dei¬ta-se o toucinho cortado aos pedaços, os tomates e o pimento. Por cima, deita-se a lebre com a marinada e vai ao lume para acabar de cozer. Para não alterar o gosto à lebre, coze-se à parte a quantidade de bata¬tas desejada, com casca, em água e sal, e pelam-se. Por cima das batatas, deita-se a lebre já pronta, com o respetivo molho41.
Harmonização proposta pela CVR Península de Setúbal
Este prato deve ser harmonizado com um tinto en¬corpado e concentrado da Península de Setúbal, em que o aroma a frutos pretos prevaleça. Para poder acompanhar carne de caça e todos os condimentos usados nesta receita, o vinho terá de ser complexo, estruturado e vigoroso. Recomendamos a procura de um vinho reserva/colheita selecionada tinto, cujo lote inclua a casta Castelão, a Trincadeira ou a Syrah.
Alcochete
São quilómetros de água que correm à nossa frente: o Mar da Palha impõe os seus horizontes enquanto espelha a vila que se aninhou nas suas margens. Alcochete escolheu bem a sua localização. A situa¬ção privilegiada parece ter atraído desde cedo as populações. Encontraram-se sinais de atividade hu¬mana com cerca de dez mil anos e sabe-se, que mais tarde, os romanos andaram por aqui, assim como os árabes que, para além de deixarem vestígios arqueo¬lógicos, imprimiram a sua presença no topónimo. Com a reconquista, este território foi doado à Ordem de Santiago de Espada. Nesta terra de Comenda, o povo provou ser gente de trabalho árduo: no solo, o arado, no rio, o leme, e onde a terra e a água se encontram, o engenho das salinas.
Hoje o concelho modernizou-se, mas empenha-se na preservação das tradições ligadas ao mundo rural, ao montado e ao toiro bravo, assim como ao Mar da Palha e ao rio Tejo; costumes que se refletem na oferta gastronómica, tanto no recurso a produtos hortícolas locais como na variedade e qualidade dos produtos do rio.
IN: Os Sabores da Nossa Terra – Adrepes – Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal
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