//Insetos ganham espaço na gastronomia

Insetos ganham espaço na gastronomia

Os insetos como produto alimentar ganham cada vez mais espaço. Em Portugal já se dão os primeiros passos.

Numa altura em que volta a falar-se na introdução de insetos na alimentação dos portugueses, recordemos um artigo de 2016.

Cem gramas de grilos, baratas ou gafanhotos têm 20% mais proteína que um bife do mesmo peso. Os insetos chegam a ter mais 35% de proteína do que o frango, mas apesar alta carga nutricional destes «bichinhos», para os ocidentais, ainda é difícil entrar nestas propostas gastronómicas.

De acordo com os especialistas, no ano 2050 o planeta terá nove biliões de pessoas e por isso, o maior desafio das próximas décadas será abastecer o mundo, sobretudo em países de baixa economia, com proteínas animais porque o planeta não terá condições ambientais de sustentar um aumento da pecuária tradicional.

A solução ecológica seria comer insetos, que são ricos em ferro e zinco. A criação de insetos requer muito menos água do que gado. No caso dos grilos, a quantidade de proteína é 12 vezes maior do que a que encontramos, por exemplo, num bife.

A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no documento, intitulado «Insetos Comestíveis: Perspetivas Futuras para a Segurança Alimentar», recorda que os insetos sempre fizeram parte da alimentação humana e são atualmente consumidos por dois mil milhões de pessoas em todo o mundo, particularmente em partes da Ásia, África e América Latina, embora causem repulsa em muitos ocidentais.

Na Europa e em Portugal

Em Outubro de 2015 o Parlamento Europeu aprovou uma lista de “novos alimentos”, na qual se encontram insectos.
Em Portugal já começam a surgir iniciativas no âmbito da gastronomia de insetos.

1.1O «Insect Gourmet» tem uma página (desatualizada)no facebook onde informa: “o principal objectivo do projecto «Insect Gourmet» é dar notoriedade à culinária com insectos. É importante desmistificar o preconceito sobre o consumo de insectos no mundo ocidental. A melhor forma de o fazer é apresentar o insecto como uma iguaria culinária. Logo o conceito ‘gourmet’ tem um papel fundamental.”

Em 2013 a escola superior de turismo de Peniche já ensinava a cozinhar com minhocas, grilos e até gafanhotos.
Em finais de 2015 surgiu a notícia de dois jovens empresários de Famalicão que lançaram um projeto de criação de grilos, destinados a farinha que irá integrar alimentos processados.

Para já, a Delight Bugs vai centrar-se na produção de grilos. Joana Cardoso, formada em Biologia e Alimentação, e Tiago Almeida, licenciado em Gestão e Marketing, são os promotores deste projeto e já foram contactados por empresas de grande dimensão.

A alternativa que se impõe passa por explorar os insetos que existem em Portugal, nomeadamente baratas, gafanhotos, grilos, abelhas e formigas. Ainda assim, o clima nacional não é propício à reprodução de insetos, uma vez que o ideal seria um ambiente quente e seco. Para além disso, os pesticidas agrícolas interferem com o ecossistema, dificultando o processo produtivo.

Brasil

O Chefe brasileiro Rossano Linassi há já algum tempo que dá palestras sobre as vantagens de incluir insetos na alimentação e, no final, os participantes são convidados a degustar as iguarias que o Chefe prepara. “É engraçado porque as pessoas olham torto. Mas, quando experimentam, até gostam”, revela.

“Eu trabalhava fazendo sushis. Mas, quando li artigos de pesquisadores sobre insetos comestíveis, decidi aprofundar mais o assunto. Até pela vontade de seguir por caminhos que não são convencionais”, relembra Linassi, que também é professor de Gastronomia no Instituto Federal Catarinense, em Santa Catarina.