Se em fevereiro de 2022 um cabaz de bens alimentares custava 184 euros, um ano depois custa quase 229 euros.
A DECO PROTESTE fez contas e, embora se comecem a verificar ligeiras descidas na taxa de inflação, o preço dos bens alimentares continua a aumentar.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, fazer as compras semanais ficou bastante mais caro para todos na Europa.
Se antes da guerra um cabaz com 63 alimentos essenciais custava 183,63 euros, quase um ano depois, a 15 de fevereiro de 2023, exatamente os mesmos produtos custaram aos portugueses 228,66 euros, mais 45,03 euros (mais 24,52%). Este é o valor mais elevado desde que a DECO PROTESTE começou a monitorizar os preços do cabaz alimentar, a 5 de janeiro do ano passado.
A Polpa de tomate, o arroz carolino, o carapau e a couve-coração são exemplos de produtos que aumentaram mais de 70%. Por sua vez, a carne registou aumentos acima de 22% na maioria dos produtos analisados e comprar uma cesta com sete diferentes variedades de carne pode agora custar 39,60 euros, considerando apenas um quilo de cada produto. Trata-se de um aumento de 22,81% face a há um ano.
A análise aos preços registados no último ano mostra ainda que o custo total dos produtos desta categoria sofreu um aumento abrupto entre o início de março e meados de maio de 2022, logo depois do início da guerra, estabilizando depois até ao final de julho. Desde então, a tendência tem sido de subida contínua, com a categoria a registar o seu preço mais elevado a 18 de janeiro deste
O peixe e os laticínios são as categorias alimentares com os maiores aumentos percentuais, entre 23 de fevereiro de 2022 e 15 de fevereiro de 2023 e num cabaz de alimentos essenciais, o peixe pode agora pesar 76,59 euros na fatura total do supermercado, enquanto que os laticínios representam uma despesa de 14,61 euros.
No top 10 dos que mais aumentaram encontram-se, ainda, a alface frisada, a pescada fresca, o açúcar branco, o azeite virgem extra, a cebola e a cenoura.
Frutas e legumes: cesta típica já custa quase 30 euros
Uma cesta com 14 frutas e legumes habitualmente consumidos na casa das famílias portuguesas representava a 23 de fevereiro de 2022 uma despesa de 23,60 euros. Entre o princípio de março e o final de abril do ano passado, logo após o início da guerra, os aumentos nesta categoria foram tímidos (cerca de 8%). A tendência para um forte aumento de preços instalou-se até ao final de outubro, ganhando um novo impulso no início de 2023. O valor mais elevado na categoria foi atingido esta semana, a 15 de fevereiro, com o custo total da cesta de frutas e legumes a subir para 29,43 euros, mais 24,67% (mais 5,82 euros) face há um ano.
No período em análise, a couve-coração e a alface foram os legumes que mais aumentaram: os preços subiram 71,27% e 66,63%, respetivamente. Já nas frutas, os maiores incrementos registaram-se na laranja, que subiu mais de 33,09%, e na banana, que custa agora mais 25,07% do que na véspera do início da guerra.
Tendo em conta este cenário, a DECO PROTESTE pede, maior transparência na cadeia de abastecimento para que os consumidores entendam qual a justificação para o aumento dos preços de determinados produtos alimentares. A organização de defesa do consumidor defende, ainda, que o Governo deve adotar um papel mais ativo no acompanhamento da evolução dos preços da alimentação, seja em termos legislativos, seja através da ASAE, para exigir maior transparência quer à produção agroalimentar quer ao setor da distribuição.