Produtores e amigos homenagearam, em Palmela, o enólogo Joaquim Costa.
Tudo começou com um ‘Moscatel Tasting Experience’ promovido por Pedro Amado da ‘Nature Affairs’, com prova comentada pelo Professor Virgílio Loureiro, no final da tarde de 1 de setembro, no âmbito das Festas das Vindimas em Palmela. E começou muito bem pois as palavras do ‘comentador’ contribuíram grandemente para a plena degustação dos deliciosos Moscatéis: Adega Camolas 2016, Sivipa Superior 10 anos e Xavier Santana Roxo DO 2010.
E depois, veio a surpresa…
Presente entre os participantes da iniciativa estava Joaquim Costa, um homem que faz lembrar um daqueles vinhos cuja ‘idade’ no rótulo surpreende quando com ele nos ‘confrontamos’. Tem 86 anos e ainda não largou o laboratório, local que muito contribuiu para a extensa lista de amigos que, com grande capacidade profissional e excelente trato pessoal, ‘engarrafou’ ao longo dos anos.
Foi, efetivamente, com total surpresa que se viu alvo desta homenagem e assistiu aos testemunhos de produtores vitivinícolas que recordaram a colaboração de Joaquim Costa com os seus pais e nalguns casos com os eles próprios, nomeadamente aqueles para quem, ainda atualmente, o ‘Senhor Vinho’ como alguém lhe chamou, continua a receber as amostras para analisar.
A propósito desta justa e merecida homenagem diz Virgílio Loureiro:
“O vinho português está cheio de protagonistas ignorados do grande público que há muito deveriam ter saído do anonimato. Um deles é o carismático senhor Joaquim Costa, venerável enólogo de oitenta e seis anos, que dedicou a vida aos vinhos portugueses, particularmente os da região de Palmela, e continua a fazê-lo diariamente, com um afã transbordante. Presta assistência técnica a muitos produtores e ajuda todos os jovens que lhe pedem conselho. Costuma dizer que nasceu dentro de um tonel da firma José Maria da Fonseca, onde aprendeu a arte e se evidenciou, graças a uma inteligência luminosa e a qualidades humanas ímpares. A sua universidade foi a da vida, mas suficiente para deixar a sua marca nas regiões vitícolas onde trabalhou e nos produtores que recorreram ao seu saber.
No domingo emocionou-se ao perceber que o seu percurso de vida não deixa muitos amigos, produtores e colegas indiferentes”.
Joaquim Costa – Apontamentos de uma vida
Nasceu em 1932 e muito cedo ‘acompanhou’ a mãe que trabalhava na empresa José Maria da Fonseca (JMF), para cujo laboratório foi trabalhar aos 13 anos.
Quando em 1974 saiu da JMF porque “queria trabalhar também para outras adegas” disseram-lhe que estava a arriscar muito por ‘não ter curso’.
José Nobre da Veiga, pessoas ligada à então Junta Nacional dos Vinhos aconselha-o a “ir tirar um curso em Bordéus (França). Apesar da previsível dificuldade da língua, Joaquim Costa foi mesmo e surpreendeu com a capacidade demonstrada nos testes de laboratório e nas provas de vinhos, chegando mesmo a fazer sugestões aos professores franceses.
Resistiu a convites para ficar em Bordéus e também para rumar a Espanha.Depois de Bordéus passou pela Abel Pereira da Fonseca e iniciou um percurso que o ligou durante muitas décadas a vários produtores daquela que é hoje a região vitivinícola da Península de Setúbal, em especial no concelho de Palmela.
Foi também clarinetista na Sociedade Perpétua Azeitonense (Azeitão) onde também participou na atividade teatral, nomeadamente escrevendo peças de teatro.
Ainda hoje, como diz Virgílio Loureiro: “Presta assistência técnica a muitos produtores e ajuda todos os jovens que lhe pedem conselho”.
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