Beldroegas ou “Balduregas” é uma erva que nasce “a bravo”, com vários benefícios nutricionais.
Um pouco de história
No Alentejo, apesar do calor, as açordas não param. Até porque é no verão que há mais ingredientes da “horta”. Beldroegas ou “Balduregas” é uma erva que nasce “a bravo”, considerada até uma erva daninha e infestante. Cresce em canteiros e entre outras plantas. Tem folhas e caules carnudos e um sabor inigualável. Hoje em dia já se cultiva, mas nas casas dos Grandolenses come-se a que nasce por si, quando é sua época.
É uma planta com muitíssimos benefícios para a saúde, rica em vitaminas e sais minerais, apresentando vários benefícios nutricionais.
Embora atualmente já surjam algumas criações também em saladas, são cozinhadas habitualmente de duas maneiras em sopa, num creme de legumes, ou em açorda, como quem diz sopas de pão. No seu caldo coze-se queijo de cabra e ovo escalfado. É um prato “pobre” mas comida de conforto e isso já diz tudo.
Para confecionar
Ingredientes: 1 molho de beldroegas, 2 batatas médias ,1 cabeça de alhos, ½ cebola, 2 queijos de cabra duros curados, 4 ovos, pão alentejano duro, azeite, sal, colorau, 1 folha de louro.
Arranjar as beldroegas, descartando os talos mais grossos. Colocar num alguidar com água para irem perdendo terra e lavar bem.
Descascar as batatas e cortar em rodelas. Lavar e cortar cada queijo em quartos. Reservar.
Num tacho, cobrir o fundo com azeite, juntar uma cabeça de alhos inteira, arranjada e lavada ( sem a pele exterior, mantendo apenas a pele dos dentes de alho), a cebola picadinha e a folha de louro. Levar ao lume alto até refugar um pouco. Juntar as beldroegas, temperar de sal e colorau. Envolver e deixar amolecer. Juntar as batatas e o queijo. Tapar com água (preferencialmente já a ferver), deixar cozinhar até as batatas estarem mesmo quase (cerca de 10 minutos).
Retificar a quantidade de água (de forma a que seja suficiente para fazer o caldo da açorda) e os temperos. Abrir os ovos um a um e juntar com cuidado. Deixar cozer. Tirar os ovos, as batatas, o queijo e a cabeça de alhos para uma travessa e servir a acompanhar o caldo bem quente, sobre fatias de pão fininhas.
Nota: Podem substituir-se os queijos de leite de cabra secos por frescos.
Harmonização
Para este tradicional e muito apreciado prato, propomos a harmonização com um vinho tinto da Serenada. O Cepas Cinquentenárias de cor rubi, intenso, dominado por notas de frutos pretos maduros com tons tostados e balsâmicos e outros frutos de bosque, flores do monte, fresco e cativante com nuances especiadas. Acidez correta, bem estruturado com taninos macios, revelando fruta e madeira bem interligadas. Fim de boca persistente e elegante.
Castas: Castelão, Baga, Camarate e Bastardo.
Fermentação a temperatura controlada em aço inox e estágio em madeira durante 9 meses.
O field blend de onde nasce este vinho foi plantado em 1961 e 1971 e retrata uma magnífica coleção ampelográfica com um precioso portfólio de castas antigas, locais e nacionais, com predominância de variedades tintas. A casta Castelão merece especial realce, sendo a base de todos os vinhos tintos. As vinhas não são irrigadas, o que permite um crescimento controlado da videira, focado no amadurecimento e qualidade da uva em detrimento do crescimento excessivo de folhagem.
(Conteúdos produzidos pelo município de Grândola, para ‘Harmonizações, histórias e Memórias’, aquando da comemoração dos ‘21 Anos da Gastronomia Património Cultural’, promovida pela AMPV – Associação de Municípios Portugueses do Vinho)
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