Começaram por ser conhecidas como Fatias da China, mas na realidade, têm a sua origem em Tomar.
De acordo com a tradição, as Fatias de Tomar tiveram a sua origem nas cozinhas do Convento de Cristo, onde eram confecionadas para satisfazer a gula dos freires, que as consideravam a sua sobremesa favorita. É impossível comprovar esta hipótese, pois a primeira referência conhecida ao doce com este nome data de 1876, no livro de João da Mata “Arte de Cozinha”, e, embora tenham começado por ser conhecidas como Fatias da China, na realidade, têm a sua origem em Tomar, conforme afirma Emanuel Ribeiro, em 1928, no seu livro “O Doce nunca Amargou”.
É um doce feito com muitas gemas de ovos, açúcar e água. À partida, nada de muito diferente em relação a qualquer outro manjar da doçaria tradicional portuguesa, não fosse o facto de, neste caso, as gemas serem batidas vigorosamente durante cerca de uma hora e depois cozidas em banho-maria, numa dupla panela concebida para o efeito. Trata-se de uma panela de folha, munida de uma chaminé pela qual se acrescenta água a ferver, permitindo uma cozedura em banho-maria a temperatura constante. Essa panela é, por si só, um produto característico e artesanal da região, inventado por um mestre latoeiro em meados do século XX e só é vendido em Tomar, com a receita no interior.
Este doce possui uma textura única, a que a calda de açúcar, no final, confere outra doçura. Estando pronto, apresenta a forma de fatias de pão bem amarelinho, com uma consistência macia e húmida.
Ingredientes
24 gemas de ovos ; 1 kg de açúcar.
Preparação
Separam-se as gemas das claras apenas no momen¬to em que vão ser batidas. As gemas são batidas durante uma hora, se for à mão, ou durante vinte minutos, se for com a batedeira. Deita-se a massa numa forma oval com tampa, criada especificamente para o efeito, muito bem untada. Introduz-se a forma em banho-maria, com a água já a ferver, e deixa-se cozer durante uma hora sem nunca interromper a fervura da água. Desenforma-se e corta-se às fatias. Para a calda, leva-se o açúcar ao lume a ferver com um litro de água, até atingir um ponto muito baixo. Introduzem-se as fatias nesta calda, deixando-as ferver um pouco e virando-as. Colocam-se as fatias numa travessa e regam-se com a calda.
Harmonização
As fatias de Tomar são geralmente comidas como sobremesa. Por serem tão doces e calóricas, são, cada vez mais, um prato que sugere excepção e festa. Assim, para o acompanhar, recomenda-se uma flute de espumante, um tipo de vinho que começa a surgir na região Tejo com excelente qualidade. A boa concentração em fruta aliada à frescura do espu¬mante limpará o palato dos sabores intensos das gemas e do açúcar.
IN: Os Sabores da Nossa Terra – ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte