//Estremadura – ‘Bife à Marrare’

Estremadura – ‘Bife à Marrare’

Ligado ao convívio social da burguesia cosmopolita, este bife teve origem no café oitocentista que lhe deu o nome.

António Marrare, foi um napolitano que, ainda novo, chegou a Lisboa e aqui se radicou, nos finais do séc. XVIII.
Terá começado a sua vida na cidade como copeiro do Marquês de Nisa, mas acabou por se tornar empresário de prestígio na capital, tendo sido fundador de diversos cafés famosos do séc. XIX e ainda empresário do Teatro de São Carlos.
O séc. XIX é pródigo no aparecimento de cafés, que correspondiam a uma nova forma de convívio social intimamente ligada à ascensão da burguesia cosmopolita, de espírito romântico e de gostos afrancesados.
Marrare fundou quatro cafés, todos com o seu nome, e que se tornaram célebres em Lisboa:
– O “Marrare” das sete portas – que fazia esquina com a Rua de Santa Justa e a dos Sapateiros, fundado em 1804, e onde nasceu o célebre bife. Este café durou até aos princípios do séc. XX.
– O “Marrare” do São Carlos (1801-1844) que ficava na esquina da Rua Anchieta com a Rua Capelo.
– O “Marrare” do Cais do Sodré (1809-1827) que ficava na esquina da Travessa dos Remolares.
– O “Marrare” do polimento (1819-1866) no Chiado, e que foi talvez o mais famoso de todos, por aí se terem realizado diversas tertúlias famosas do mundo literário e político, e por ser na época um dos cafés mais chiques da capital.

O bife adquiriu grande prestígio gastronómico entre a burguesia lisboeta. Não foi este o único bife a celebrizar-se na época, pois podem enumerar-se ainda os famosos bifes ‘à Faustino’, ‘à Jansen’ e ‘à Inglesa’, para além dos tradicionais bifes ‘à Cortador’ que eram cortados da peça e cozinhados nos próprios talhos que os vendiam.
No entanto, a receita que mais sucesso obteve para a posteridade, ainda persistindo nos menus dos modernos restaurantes, foi a do ‘Bife à Marrare’, ombreando com as atuais confeções de bifes feitos em cafés e cervejarias que associam o prestígio e qualidade do seu nome às respetivas confeções culinárias.

RECEITA

Ingredientes para 10 pessoas
1,500kg bife do pojadouro (c/+- 150grs cada); 2kg batatas; 150grs manteiga; +- 2,5dl natas; q.b de óleo, sal e pimenta do moinho.

Preparação
Lavar, descascar e cortar em palitos as batatas. Fritar as batatas em óleo. Colocar uma frigideira de ferro ao lume com metade da manteiga. Corar os bifes de um lado e do outro, na frigideira (este processo deve ser rápido para que a carne não fique passada demais). Retirar a manteiga da frigideira, temperar os bifes com sal e pimenta e juntar nova manteiga. Agitar a frigideira, baixar o lume e juntar as natas. Reduzir um pouco o molho. Empratar o bife numa frigideira de barro ou num prato de loiça, previamente aquecido, regá-lo com o molho e acompanhar com batata frita.

Valor Nutricional
Valor calórico total da receita: 3,730kcal
Distribuição da composição nutricional: 44% proteína; 32% lípidos; 24% hidratos de carbono.
Valor calórico por pessoa: 373 calorias

 

Harmonização: Bife à Marrare

 

 

Harmonização sugerida pelos Vinhos de Lisboa – Quinta do Pinto Estate Collection branco 2018

As notas minerais, a acidez viva e a frescura deste vinho são motivo de escolha, para ser servido com este prato, no sentido de “limpar” o palato da gordura do molho, que faz parte desta receita. Feito a partir das castas Viosinho, Fernão Pires, Chardonnay, Roussanne, Chenin Blanc e Arinto, este branco – variedades de uva predominantemente ricas em notas cítricas –, denota estrutura, particularidade que “casa” bem com a carne.
Produtor: https://quintadopinto.pt/

 

Patrocínio

 

Transcrição integral da receita publicada em ‘A Cultura Gastronómica em Portugal’, editada em 1995 pelo Centro de Formação Profissional do Setor Alimentar (CFPSA).
Os 10 volumes foram dedicados às regiões: Minho e Douro Litoral – Trás-os-Montes – Beira Litoral – Beira Interior – Ribatejo – Estremadura – Alentejo – Algarve – Açores – Madeira

https://www.cfpsa.pt