//‘Escaldão’ provoca enorme quebra na produção de uvas

‘Escaldão’ provoca enorme quebra na produção de uvas

Península de Setúbal, Douro, Vinhos Verdes, Lisboa e Alentejo são, entre outras, regiões que já começaram a fazer ‘as contas ao prejuizo’.

Península de Setúbal

Na região da Península de Setúbal, Filipe Cardoso, administrador da Quinta do Piloto e da Sivipa, empresas da região de Palmela, publicou na sua página de Facebook o desabafo: “Ano para esquecer. Trabalho de um ano perdido em 3 dias”, acompanhado de reveladoras (e desoladoras) fotos.

No espaço de comentários, o jovem enólogo aponta, em algumas castas, nomeadamente Castelão e Moscatel, para perdas que podem ir dos 50% aos 70%. Comentários de amigos ligados à viticultura dão conta de situações idênticas na mesma região.

Região de Lisboa

A edição online do ‘Expresso’ dá conta que “uma vaga de calor que afetou o país no último fim de semana vai sentir-se na próxima vindima. Na Região de Lisboa, alguns viticultores tiveram quebras totais de produção e, depois de analisar o que se passa no terreno, a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa admite uma quebra de 15% a 20% na produção dos seus vinhos.”

Vinhos Verdes

À Agência Lusa o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) revelou que a vaga de calor que se registou na última semana provocou um ‘escaldão’ que afetou, pelo que se sabe para já, mais de duas dezenas de produtores. Manuel Pinheiro adiantou que o ‘escaldão’, que é o mesmo que dizer, demasiado sol a incidir sobre as uvas, provocou desidratação nos frutos, reduzindo a produção”.

Douro

A diretora-geral da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), Rosa Amador, disse à agência Lusa que “houve associados que já declararam escaldão. O escaldão afetou vinhas mais novas, mais expostas e algumas castas mais sensíveis”, afirmou.

A situação é, no entanto, muito heterogénea na região demarcada do Douro, até porque a exposição das vinhas e das diversas sub-regiões é muito diferente.

Rosa Amador explicou que é “muito difícil medir os efeitos só do escaldão”, mas este “é mais um fator que se junta a outros e vai influenciar a produção no Douro”.

Alentejo

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) declarou que as previsões de aumento de 15% na produção de vinho no Alentejo para este ano está absolutamente comprometida devido ao ‘escaldão’ provocado pela recente onda de calor.

Francisco Mateus admitiu à Lusa que o real efeito do ‘escaldão’ sofrido pelas uvas, em que o calor, o vento quente e a falta de humidade noturna fizeram com que os bagos “desidratassem e mirrassem, como se cozessem”, só vai ser possível apurar “dentro de mais alguns dias”, escusando-se, para já, a quantificar o prejuízo.