//Engaço da uva pode substituir antibióticos

Engaço da uva pode substituir antibióticos

Extratos de algumas castas têm maior potencialidade que certos antibióticos.

Em declarações ao Porto Canal uma investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) revelou que entre os estudos em curso, com vista ao aproveitamento dos resíduos das uvas depois de pisadas e de extraído o vinho, o engaço, estão alguns que se direcionam à indústria farmacêutica.

É o caso da área dos antibióticos uma vez que já se conseguiu perceber que os “extratos de algumas castas têm maior potencialidade que certos antibióticos”, revelou uma das investigadoras.

Já em junho de 2017 o ‘Jornal dos Sabores’ tinha publicado uma notícia na qual Ana Barros, diretora do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas daquela Universidade, dissera à agência Lusa que “o engaço é, sem dúvida alguma, uma oportunidade de negócio” para o Douro.

O estudo de valorização do engaço foi iniciado em 2014, ano em que, a nível mundial, existiam apenas 59 artigos publicados sobre o engaço. Desde então a equipa do CITAB já publicou 11.

Ana Barros explicou que este subproduto representa 25% dos resíduos orgânicos da indústria vinícola e estava pouco estudado e caracterizado comparativamente com outros subprodutos como as películas, grainhas, borras ou bagaços.

Trata-se de um produto que “não é tóxico, não é prejudicial, mas que possui um elevado teor de matéria orgânica, o que significa que poderá representar um potencial problema ao nível ambiental”.

Do trabalho realizado é já possível concluir que este subproduto possui características que “ajudam na atividade antibacteriana, anti-inflamatória e antimicrobiana”.

“Conseguimos verificar que, de facto, as potencialidades deste subproduto são enormes (…) e isso leva-nos a crer que, rapidamente, vamos conseguir ter resultados para podermos aplicar esta matriz quer na indústria cosmética, quer farmacêutica quer alimentar”, salientou.

A investigadora destacou que o engaço tem uma “atividade antioxidante extremamente elevada” e concretizou que o objetivo é, por exemplo, desenvolver um creme antirrugas.

“Que é aquele que eu acredito que vai ser a grande potencialidade desde subproduto”, sustentou.