A data escolhida para o Natal pelo Papa Júlio I, S. Francisco de Assis como «criador» do presépio, a árvore de Natal «alemã» e o Pai Natal rechonchudo da Coca-Cola.
Para além da alegria dos mais pequenos (e não só) ao receber os tão ansiosamente esperados presentes e da reunião de família em volta da mesa, o Natal proporciona outros momentos de felicidade e prazer em atividades como montar a árvore de Natal ou o presépio, ou mesmo vestir o fato do Pai Natal para oferecer os presentes aos mais pequenos.
O maior acontecimento na História da Humanidade, para os cristãos, é o nascimento de Jesus Cristo, na noite de 24 para 25 de dezembro. Uma data escolhida pelo Papa Júlio I, no século IV, embora antes já o Império Romano assinalasse as Festas Saturnais, em honra do deus Saturno, que ocorriam entre 17 e 24 de dezembro. Nas Saturnais os romanos trocavam presentes, um costume que passou para o Natal.
As informações disponibilizadas pelos investigadores levam a concluir que o Ocidente terá começado a festejar o Natal no dia 25 de Dezembro, entre os anos 325 e 354.
Hoje, o Natal comemora-se um pouco por todo o mundo onde existem cristãos. Em Portugal, como noutros países, verificaram-se nos últimos anos muitas alterações na tradição natalícia, mas à medida que se aproxima a data, sentimo-nos contagiados pelo «espírito natalício» seja lá isso o que for. O importante é o que sentimos.
O Natal em Portugal
Principalmente em Trás-os-Montes e outras zonas do Norte de Portugal e nas Beiras, era tradição queimar os lenhos de Natal como se diz no norte, ou cepos, como se refere a sul, nos largos e adros das igrejas. Em muitas aldeias as fogueiras eram mantidas acesas até ao dia de Reis. Embora em numero reduzido, ainda existem localidades onde esta tradição se mantém e nalguns casos com o apoio de jovens.
Na Madeira o Natal é tão importante que, tradicionalmente, os madeirenses se referem à data simplesmente como «a Festa». E é depois da missa do galo que ainda hoje muitos madeirenses fazem a consoada.
Na ilha Terceira e outras ilhas do Açores, as famílias e os amigos visitam-se e no convívio provam os licores e vinhos finos a que chama «mijinho do Menino», sendo frequente ouvir-se: “não queres provar o chichi do meu menino”?
Atualmente, são já em número significativo as discotecas e bares que abrem na véspera de Natal a partir das 23/24 horas para acolher jovens que preferem reunir-se com os amigos a permanecer nas reuniões familiares. São novos hábitos, de novos tempos.
No entanto, há tradições que, alteradas ou não, continuam a manter-se e ainda dão muito prazer a quem as vive.
S. Francisco de Assis é conhecido como o «criador» do presépio porque no século XIII celebrou a missa de Natal com os cidadãos de Assis numa gruta, em vez de no interior de uma igreja. E nessa gruta colocou um boi e um burro reais, feno e imagens de Menino Jesus, da Virgem Maria e de S. José. O objetivo era permitir aos crentes visualizar o que se passara em Belém.
Este acontecimento levou a que S. Francisco seja visto como o criador dos presépios. No entanto, a verdade é que os presépios tal como os conhecemos hoje só surgiram mais tarde, três séculos depois. Mas embora possa não considerado o criador dos presépios (depende do ponto de vista), é indiscutível que o seu contributo foi importantíssimo para o crescimento do gosto pelas recriações da Natividade e, consequentemente, para o aparecimento dos presépios.
Na verdade, o primeiro presépio criado num lar particular surgiu em 1567, na casa da Duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini e no século XVIII, a recriação da cena do nascimento de Jesus estava completamente inserida nas tradições de Nápoles e da Península Ibérica, incluindo Portugal.
Actualmente, já poucos procuram nos pinhais o musgo para fazer o chão do presépio, sobre o qual se colocavam as mais variadas figuras representando o mundo rural, em volta do estábulo com o menino nas palhinhas, a Virgem Maria, o S. José….
O costume de armar (ou fazer) o presépio – ou a lapinha como dizem na Madeira e Açores – começa a ser substituído pela árvore de Natal.
A Árvore de Natal
A tradição da árvore «enfeitada» tem raízes muito mais longínquas do que o próprio Natal. Os romanos enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da agricultura, em Dezembro; os egípcios, no dia mais curto do ano (dezembro) levavam ramos de palmeiras para dentro de suas casas, como símbolo de triunfo da vida sobre a morte e nas culturas célticas, os druídas decoraravam velhos carvalhos com maçãs douradas para festividades também celebradas na mesma época do ano.
Quanto à Árvore de Natal como hoje a conhecemos, pode dizer-se que o costume começou na Alemanha onde as famílias, ricas e pobres, decoravam as suas árvores com frutos, doces e flores de papel.
A Grã-Bretanha começou a importar da Alemanha a tradição da Árvore de Natal, no início do século XVII, mas esta só se consolidou depois da “Illustrated London News” publicar uma imagem da Rainha Vitória e Alberto com os seus filhos, junto à Árvore de Natal no castelo de Windsor, no Natal de 1846.
Rapidamente a tradição se espalhou pela Europa e chegou aos EUA aquando da guerra da independência através dos soldados alemães. Do outro lado do Atlântico, a tradição só «vingou» depois de em 1923 a Casa Branca ter sido enfeitada com uma árvore de Natal.
Em Portugal, como noutros países católicos, a origem pagã da Árvore de Natal dificultou a sua difusão, que se fez lentamente, como complemento dos tradicionais presépios.
Pode dizer-se que até aos anos 50 do século passado, a Árvore de Natal era até mal vista nas cidades e nos campos sendo pura e simplesmente ignorada. Hoje em dia, a Árvore de Natal já faz parte da tradição natalícia portuguesa.
O Pai Natal
O personagem bonacheirão que hoje encontramos nas zonas comerciais a incentivar ao consumo está ligada a São Nicolau, bispo de Mira (Turquia) que viveu no século IV e se tornou lendário porque, para além de milagres que lhe são atribuídos, oferecia anonimamente presentes aos mais necessitados. Nos Países Baixos, ainda hoje é conhecido por Sinterklaas e é na véspera do seu dia, 6 de Dezembro, que uma boa parte da população troca presentes.
Nos Estados Unidos, encontramos o atual Santa Claus, popularizado no século XIX, no poema de Clement Clarke Moore «Uma visita de São Nicolau» e ilustrado pelo caricaturista Thomas Nast, autores que criaram as bases para a imagem atual desta simpática figura.
No que se refere aos muito falados anúncios de refrigerantes, a primeira marca a usar o Pai Natal foi a White Rock
Beverages, em 1915, para promover a sua água mineral. O primeiro anúncio da Coca-cola com o Pai Natal é de 1930, na altura em que a marca queria aumentar as vendas durante o Inverno uma vez que nessa altura do ano havia uma grande queda na venda dos refrigerantes.
Com a ajuda de um conhecido ilustrador da época chamado Haddon Sundblom, recriaram e renovaram a antiga e tristonha imagem do Pai Natal, transformando-o numa versão rechonchuda e colorida, vestido de vermelho e com um cinto preto, as cores da Coca-Cola.
Atualmente a figura do Pai Natal substituiu na maioria dos lares o sapatinho na chaminé que «obrigava» as crianças a passar uma noite agitada, ansiosos pelo raiar do sol. Os presentes agora são normalmente oferecidos após a ceia ou depois da meia-noite, por um dos elementos da família que se veste com um fato de Pai Natal.
Foto de Capa: Trad’Inovações