É assim que se designa a obsessão com a qualidade dos alimentos e os especialistas dizem que o Instagram pode estar a contribuir para esta doença.
A psicóloga Marta Martins explicou à RTP1 que “a anorexia pode, muitas vezes, estar mascarada” por este novo tipo de problema nervoso. E noutros casos, anorécticos em tratamento podem mesmo tornar-se ortoréxicos.
Marta Martins realça que estas pessoas assentam a alimentação em saladas, iogurtes e sementes, que estão muito em voga hoje em dia, mantendo assim uma dieta com uma “quantidade energética tão baixa que vai acabar por ser prejudicial” para a sua saúde.
Como sinais de alerta, a psicóloga destaca que “começa a haver uma preocupação prévia de preparação das refeições, com muita antecedência, de procurar os nutrientes, a quantidade energética de cada alimento que se vai ingerir”.
Indicadas como pertencentes ao grupo de risco estão artistas e figuras públicas ou mesmo desportistas e profissionais de saúde, nomeadamente da área da nutrição, porque são os que procuram, por tendência, praticar uma alimentação que consideram ideal com vista a manter um corpo perfeito.
Em março passado foi divulgado um estudo em que se concluiu que o “uso mais elevado do Instagram foi associado a maiores tendências para a ortorexia nervosa”, revelando os resultados que tal não se verifica expressivamente, noutras redes sociais.
Como explicação, o especialista em neurociência clínica Miguel Toribio-Mateas aponta o facto de o Instagram ter uma acentuada preponderância visual. O também nutricionista explicou que “os pratos inspirados pelo Instagram, por exemplo com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa, algumas sementes de romã, fazem um grande efeito visual, é tudo muito bonito, mas não têm nutrientes suficientes“.
Acaba-se, assim, por ingerir refeições com pouquíssimas calorias e sem proteínas o que não seria grave se acontecesse ocasionalmente, mas já se torna um problema sério quando “se recusa comer o resto da comida normal” por se achar que ela não é saudável ou que não tem qualidade, avisa Toribio-Mateas.
A ortorexia nervosa pode ter consequências graves em termos de saúde, com risco de vir a sofrer de deficiências nutricionais, especialmente os que evitam cereais e derivados, tubérculos, carne, peixe e ovos.
Não se sabe quanto ortoréxicos existirão em Portugal, mas estima-se que, em termos mundiais, haja 6,9% de pessoas com este transtorno alimentar.
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