Ambientalistas alertam: os portugueses consomem 4,4 vezes mais carne, ovos e peixe que o necessário, prejudicando a saúde, o ambiente e o orçamento familiar.
A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, lembra que apesar de 2016 ter sido o ano Internacional das Leguminosas, os portugueses “em vez de consumirem à volta de 33 quilogramas do conjunto de carne, ovos e pescado”, valor considerado necessário, “consumiram cerca de 178 quilogramas, ou seja 145 quilogramas a mais”.
À Agência Lusa, Susana Fonseca, da Zero, sublinhou que na saúde “o excesso de proteína pode causar vários problemas e não é de todo benéfico em termos ambientais”.
A especialista acrescentou que as leguminosas, como o feijão, grão, lentilhas, favas ou ervilhas, fazem parte da dieta mediterrânica e da cultura gastronómica portuguesa, constituem “uma excelente fonte de proteína e podem ser usadas como alternativa a este consumo de proteína animal”.
A Zero lembra que do ponto de vista energético e ambiental, os dados mostram-nos uma grande ineficiência, já que para que se possa produzir uma quilocaloria (Kcal) de carne de vaca estabulada é necessário utilizar 74 kcal de energia obtida com recurso a combustíveis fósseis, no caso da carne de porco necessitamos de 60 Kcal, para os ovos 39 Kcal e para o frango 4 Kcal.
A produção animal intensiva tem ainda impactes muito significativos através das emissões de metano – um gás com efeito de estufa 25 vezes superior ao dióxido de carbono –da degradação dos rios e ribeiras e da contaminação dos aquíferos. Ao nível do consumo de água, este é 100 vezes maior para produzir 1 Kg de carne do que para produzir 1 Kg de leguminosas.
Entre um vasto conjunto de sugestões a associação refere “a necessidade de consciencializar os consumidores para o problema, através da promoção de acções de informação junto dos alunos das escolas do ensino básico e das suas famílias, sobre a existência da roda dos alimentos e sobre a necessidade de reduzir o consumo de proteína animal, substituindo-o por hábitos alimentares inspirados na dieta mediterrânica, assente em leguminosas, nos cereais, nos vegetais, nos frutos frescos e secos e com o azeite como gordura principal”.