Um investigador em Oxford defende que a experiência de comer começa antes do momento em que a comida nos chega à boca.
Charles Spence, professor de Psicologia Experimental na Universidade de Oxford, onde é responsável pelo Crossmodal Research Lab, autor do livro Gastrophysics foi um dos oradores da conferência internacional Experiencing Food: Designing Dialogues, que se realizou em Lisboa em outubro de 2017.
Na ocasião, Alexandra Pardo Coelho, jornalista do jornal Público falou com Spence que, em entrevista, declarou que os resultados do seu trabalho o levam a concluir que “raramente pomos alguma coisa nas nossas bocas sem antes saber algo sobre o que é, para podermos imaginar o gosto que tem”.
O docente e investigador acrescentou que “a informação vem, em primeiro lugar, daquilo que vemos. Geralmente, ainda antes de lhe tocarmos, podemos cheirá-lo, depois vem o som, e por fim o sabor e o cheiro retronasal, que acontece quando engolimos”.
Um dos pontos essenciais do livro Gastrophysics é precisamente esta “transferência da importância do palato, ou da boca, para a mente da pessoa que está a fazer a prova”. É na mente que todos os sentidos se juntam. Por isso, sublinha Spence, “é aí que reside a chave da prova e não na língua, onde habitualmente localizamos a experiência do sabor”, pode ler-se na referida entrevista.
Neste trabalho da jornalista do Público refere-se um dos exemplos clássicos que Spence gosta de citar: as barras de chocolate Dairy Milk, da Cadbury, que em 2013 os fabricantes decidiram alterar tornando as pontas mais arredondadas. Foi o suficiente para que os consumidores se queixassem, dizendo que a fórmula tinha sido modificada e que o chocolate estava mais doce.
Este caso reforça um dos pontos, muito curiosos, defendidos pelo investigador: “a comida que é servida em formas redondas é geralmente considerada mais doce”.
Curiosa é, também, a questão do peso dos talheres num restaurante de fine dining. Spence concluiu que se os talheres forem mais pesados as pessoas estão dispostas a pagar uma conta mais elevada do que se os talheres, mesmo que de qualidade, forem mais leves — possivelmente associam a leveza ao plástico e, portanto, a um produto não nobre, e o peso a metais nobres.
Tamanho dos copos (e dos pratos) aumenta consumo
Igualmente relacionada com a ‘força’ do nosso cérebro relativamente ao ato de comer e beber é o artigo publicado também em 2017 no Jornal dos Sabores, onde se revela que pesquisadores de Cambridge acreditam que os recipientes de maior dimensão levam a um maior consumo.
“Um grande espaço pouco preenchido inibe a sensação de saciedade e por consequência aumenta o consumo” é uma das afirmações neste artigo que pode consultar em:
https://jornalsabores.com/tamanho-dos-copos-dos-pratos-aumenta-consumo/
You must be logged in to post a comment.