//Chefe Silva – Biografia (12)

Chefe Silva – Biografia (12)

Depoimentos da apresentadora Sónia Araújo, da produtora Sandra Lopes e da ‘auxiliar’ Nazaré Pinto.

A casa de muitos portugueses chega também regularmente e com grande sucesso, uma das mais bonitas e promissoras apresentadoras da televisão em Portugal, nesta primeira década do novo século.
Revela que lia a Teleculinária e acompanhava as prestações do Chefe na televisão, mas hoje, são milhões de admiradores a acompanhar a carreira da portuense;

Sónia Araújo
(Apresentadora de televisão)

…“é uma pessoa de quem se gosta naturalmente”…

Cresceu a ver na RTP os programas do Chefe “que é para nós, aqui no Porto, uma grande referência”.
Lembra-se da Teleculinária pois a mãe comprava-a, a pensar nela, claro. Mas hoje, “tenho o privilégio de as ter, encadernadas, oferecidas pelo próprio Chefe Silva, devidamente autografadas o que é para mim uma honra”.
Conheceu-o pessoalmente no início da sua carreira, já como co-apresentadora da Praça da Alegria onde desde 2000 colaborava, fazendo reportagens para o programa.
Com aquele sorriso que encanta milhões, em Portugal e por esse mundo fora através da RTP Internacional, Sónia diz que o Chefe “é uma pessoa de quem se gosta naturalmente pois tem uma forma de ser muito carinhosa e sobretudo, muito natural, autêntica”.
Deixa seguir as agradáveis recordações de um tempo ainda fresco na memória e subitamente, recolhe o ar alegre, baixa ligeiramente o olhar e diz: “Sabíamos que o braço direito dele era a esposa e por isso todos nós aqui sentimos muito o que ele sofreu com o desaparecimento da D. Graça. Perdeu bastante daquele brilho que gostávamos de lhe ver nos olhos”.
Considera que o Chefe é daquelas pessoas “com um saber acumulado tão valioso que faz com que ainda tenha muito para dar. Acho, sinceramente, que ele ainda tem muito para passar aos outros”.

Sónia Araújo, uma das mais famosas apresentadoras da televisão em Portugal na atualidade, confessa que tem “uma grande admiração pela enorme referência que ele é, na cozinha tradicional e na televisão portuguesa”.

 

Trabalhar em televisão é uma ambição comum a muitos jovens. Seja porque sonham fazer do jornalismo uma oportunidade de intervenção social, porque são seduzidos pela tecnologia que se utiliza, porque são atraídos por toda aquela máquina de produção ou, infelizmente também, apenas porque querem ser conhecidos
Independentemente das funções a desempenhar, quase todos sentem um enorme prazer em ficar perto das chamadas figuras públicas embora muitas vezes tal contacto venha a mostrar-se uma desilusão. Esse não foi certamente o caso de;

Sandra Lopes
(Produtora no Centro de Produção do Norte da RTP)

“…quando cá cheguei e passei a estar mais perto dele, considerei isso muito importante para mim”.

Para Sandra Lopes “o Chefe tem sido sempre uma pessoa desta casa. Está cá desde que me lembro”. E lembra-se que já se passaram 20 anos.
E lembra-se igualmente que a mãe “colecionava as teleculinárias e encadernava-as. Eu casei e levei-as comigo. Por isso quando cá cheguei e passei a estar mais perto dele, considerei isso muito importante para mim”.
Entrou na RTP para a produção, como assistente de programas, o que lhe permitia um privilegiado lugar de contacto direto com o Chefe de quem diz: “Foi sempre um doce e um senhor. Hoje tenho uma relação fantástica com ele”.

Nas atuais funções, Sandra recebe muitas solicitações e por vezes até pressões para participação no programa ‘Praça da Alegria’. Confessa que há uma única pessoa a quem não consegue dizer não. “É ao Chefe Silva. Até porque ele, quando faz um pedido, é porque acredita que do ponto de vista gastronómico ou mesmo cultural vale a pena”.
Sandra lembra-se do convívio gastronómico que se vivia no final das gravações e com o ar cúmplice de quem revela pequenos segredos, recorda que “mesmo contra as regras, ele arranjava sempre forma de as refeições serem acompanhadas por um vinhinho que trazia”.

Recusa a ideia de que o Chefe, apesar da inevitabilidade do movimento dos ponteiros do relógio “seja antigo, como por vezes ouço dizer em relação a pessoas com a idade dele. Aqui, mesmo os que o conheceram depois de mim, não é assim que pensam”.
E sublinha esta afirmação recordando que “ainda há pouco tempo participou numa emissão em que estava cá também um dos jovens Chefes da moderna cozinha portuguesa, o Chakal, que o admirou muito”.
A explicação poderá estar no facto de o Chefe Silva ter sido, de facto, uma vedeta. Para Sandra “vedeta talvez seja um termo que não encaixa nele, mesmo que queiramos dar um bom sentido à palavra”.

A jovem produtora acrescenta ainda com satisfação que “sentíamos verdadeiramente que o público gostava muito dele. Mas ele é, sobretudo, uma figura da casa de todos os portugueses, um elemento da família”.

Amizade que o Chefe sempre procurou e faz questão de alimentar sem olhar a posições hierárquicas ou condições sociais. Uma atitude revelada, por exemplo, na insistência para que não faltasse neste livro, o testemunho de;

Nazaré Pinto
(Supervisora do Pessoal Auxiliar no Centro de Produção do Norte da RTP)

“..um dia fez-me uma partida”.

Quando há 26 anos entrou para a RTP, para o que então se chamava serviços de limpeza foi ‘desviada’ e começou logo por ter como tarefa, dar apoio ao Chefe Silva. “Fiz muitas culinárias com ele, no Estúdio B”, recorda acrescentando que o apoiava “desde a preparação das coisas necessárias até ao final, ao aparecimento do prato que ia apresentar”.
Define como “uma pessoa muito humana e muito querida” o homem que uma vez por semana, durante algumas horas, contava com ela para facilitar as tarefas que o levariam a apresentar as suas propostas culinárias. Propostas que “queria sempre que provássemos”, acrescenta.

E ele era brincalhão? Nazaré faz uma paragem no depoimento, esboça um tímido sorriso, demonstra alguma hesitação em desvendar o pensamento e, finalmente, decide contar que “um dia fez-me uma partida”.

No arquivo da memória encontra a Praça da Alegria, com o Manuel Luís Goucha, e o dia em que ele pensou que estava a usar pimentão-doce. E surge o testemunho do episódio da pimenta de caiena. “O Chefe Silva deitou uma colher daquele pó encarnado como se fosse pimentão-doce e como era malagueta em pó, aquilo ficou muito picante. Depois, disse que foi a Nazaré que pregou aquela partida”.

Naturalmente que entendeu o episódio como uma demonstração de amizade cúmplice, tanto mais que, afirma: “Tenho um grande carinho por ele e acho que ele também tem por mim. Ele tanto se dava comigo como com as pessoas mais conhecidas e importantes que por aqui passavam. É uma pessoa do povo”, remata.

(Nota – Os textos aqui reproduzidos foram publicados em livro em 2008 pelo que poderão verificar-se ‘desatualizações’)

Chefe Silva – Biografia, tem o patrocínio de:

 

Do valor dos patrocínios, 25% é atribuído à área de Formação da ACPP – Associação de Cozinheiro Profissionais de Portugal, de que o Chefe Silva foi um dos fundadores.

Pode consultar todos os capítulos já publicados em:

https://jornalsabores.com/category/gastronomia/chefe-silva/