A 14 de outubro de 2015 chegou a notícia da morte de um dos mais acarinhados cozinheiros de Portugal.
Dizer que a cozinha tradicional portuguesa “ficou mais pobre” com o desaparecimento físico do Chefe Silva da rádio, da televisão e da Teleculinária é quase lugar-comum, embora inquestionavelmente verdadeiro. Porque mesmo nos últimos anos de vida o Chefe Silva continuava a contribuir para a promover, nomeadamente com a sua presença em concursos e palestras um pouco por todo o nosso País.
António da Silva nasceu em 1934 e logo à nascença ficou marcado o cunho singular que haveria de o acompanhar por toda a vida pois nascido a 29 de março, foi baptizado na Paróquia de Santiago de Caldelas três dias depois e registado, na Conservatória do Registo Civil de Amares, com data de nascimento a 5 de Abril para que o pai não pagasse multa.
Nas suas ocupações laborais na juventude, António da Silva ainda criou calos nas mãos e sentiu o peso dos tijolos e dos baldes de cimento, a trabalhar nas obras de construção de casas, para os outros. Sim, para os outros, porque o grande desejo de oferecer uma casa à mãe, só o concretizou muitos anos depois.
Esteve no restaurante Paris, no Suísso Atlântico Hotel, no Hotel do Império, entre outros.
Em 1955 surge o serviço militar e foi “para a tropa, no Lumiar” onde conseguiu o lugar de telefonista, através do qual haveria de conhecer a jovem Graça, a sua futura esposa.
Depois de uma passagem por Moçambique rumou ao norte de Portugal onde trabalhou, entre outros, no Hotel Dom Henrique em plena cidade do Porto.
Através da Escola de Hotelaria e Turismo da cidade Invicta, onde lecionava, aconteceu o contacto com a RTP no Porto e a sua entrada na televisão.
Televisão
Maria de Lurdes Modesto foi a pioneira no pequeno ecran a falar de cozinha/gastronomia. Mas António da Silva seria o primeiro Chefe de Cozinha a fazer um programa de televisão em Portugal.
Apresentando-se de forma simples e descontraída depressa conquistou os telespectadores no programa «Culinária 75», em 1975.
As suas participações regulares na televisão aconteceram sempre nos estúdios da RTP no Monte da Virgem, em Gaia.
Rádio
No início da década de 1980, foi convidado para a rádio comercial por Júlio Isidro com quem esteve 4 anos na “Grafonola Ideal”, um programa que contava com uma rubrica propositadamente criada para ele denominada, “Caçarola Ideal”.
Acompanhou o popular “criador” e apresentador também, no grande fenómeno radiofónico da época chamado “Febre de Sábado de Manhã”.
Na biografia «Chefe Silva o Senhor Teleculinária» Júlio Isidro recorda: “O programa estava cheio de vedetas e ele era na altura, sem sombra de dúvidas, uma das grandes vedetas da televisão”.
Teleculinária
O primeiro número da revista semanal da «Tele Culinária – Revista semanal de cozinha e doçaria», saiu no dia 4 de Outubro de 1976. Na edição nº 9 dava-se a notícia do aumento da tiragem para 80 mil. Mas essa foi apenas uma das etapas desta publicação que chegou a vender mais de 250 mil exemplares.
Num único número da Tele Culinária poderia encontrar-se receitas tão distintas como uma Pizza à Napolitana, a Pinha Farta com profiteroles, um pudim de peixe, um frango no churrasco e umas favas à portuguesa.
Os textos aqui publicados são excertos da Biografia «Chefe Silva o Sr. Teleculinária» da autoria de Amílcar Malhó
Foto de capa: Júlio Isidro, D. Graça e o Chefe Silva.
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