//Caranguejos gigantes ‘invadem’ Algarve

Caranguejos gigantes ‘invadem’ Algarve

Caranguejo azul está a multiplicar-se e já é vendido nos mercados e nos restaurantes.

O ‘Jornal do Algarve’ refere que “é mesmo de invasão que se trata”, ao noticiar a situação que se vive naquela região, com a multiplicação do caranguejo azul (Callinectes sapidus), originário da costa Leste dos EUA. Tudo indica que, tal como outras espécies invasoras, deverá ter chegado ao Algarve ainda em fase larvar, nas águas de lastro dos navios de mercadorias que atravessam o Atlântico.

O assunto é acompanhado pelo grupo de investigação ECOREACH, baseado no CCMAR na Universidade do Algarve, que tem no facebook a página ‘Novas Espécies Marinhas do Algarve’ (NEMA). Esta iniciativa tem como objetivo principal recolher informação sobre novas espécies marinhas, algumas com elevado potencial invasor, que têm vindo a ser identificadas na região.

“Com dimensões médias de carapaça a rondar os 20 a 30 cm de diâmetro, o caranguejo azul pode atingir os 40 cm, sendo geralmente maior que uma sapateira e comparável às dimensões de uma santola. Na costa Leste norte-americana há toda uma indústria de pesca exclusivamente virada para a captura desta espécie. E por cá também já há capturas com fins comerciais. No estuário do Guadiana há pescadores dedicados a este novo nicho de mercado”, pode ler-se no Jornal do Algarve.

No que respeita à comercialização, sabe-se que em lota tem alcançado valores na ordem dos 8 €, mas já foi vendido nos mercados de Vila Real e Olhão a preços compreendidos entre os 11 e os 15 €/kg.

Embora ainda com algumas reservas por parte dos consumidores, já aparece com frequência em restaurantes e algumas marisqueiras. Onde não existem muitas reservas é no Brasil onde esta espécie, também conhecida como ‘siri’, é uma iguaria muito apreciada e valorizada. Denominada ‘Casquinha de Siri’, consiste basicamente na carne de siri refogada com outros ingredientes e servida na própria carapaça.

O caranguejo-azul foi descoberto pela primeira vez na Ria Formosa em 2016 e no ano seguinte no estuário do Guadiana onde, como refere João Encarnação do NEMA, “os próprios pescadores com quem trabalhamos reconhecem que ainda estão em fase de aprendizagem, ano após ano, testando certas artes de pesca e zonas do Guadiana. De resto e com o lançamento da presente iniciativa NEMAlgarve em Abril deste ano, conseguimos perceber que a espécie já se encontra um pouco por todo o Algarve, especialmente até à zona de Alvor, havendo também já um registo perto de Sagres.

Ainda no que se refere à componente ‘gastronómica’, refira-se a colaboração do conceituado Chefe Leonel Pereira, do restaurante São Gabriel em Almancil que, “associado do projeto, tem feito inúmeros testes culinários com espécies invasoras, incluindo o caranguejo azul”, revela João Encarnação.

Foto de capa: João Encarnação/NEMAlgarve

Foto interior: Joel Machado