Doçaria popular com massas modeladas que se torcem, se enroscam e se entrançam antes de entrar no forno.
Quem visitar Torres Novas em dia de festa vai, de certeza, encontrar à venda o exemplar típico da doçaria da região: os Bolos de Cabeça, confecionados tradicionalmente por altura de casamentos e de romarias do concelho.
Feitos com uma massa lêveda, maciça mas fofa, aromatizada com erva-doce e raspa de limão, semelhante à das ferraduras, dos parrameiros, dos bolos de noiva ou dos bolos de festa, tão populares no Oeste, são, no entanto, tendidos de uma maneira diferente. O aspeto final dos Bolos de Cabeça, em forma de oito, esconde um encadeamento de gestos e revela um apreço especial da doçaria popular pelas massas modeladas que se torcem, se enroscam, se entrançam antes, de entrar no forno.
Para a divulgação destes bolos muito tem contribuído a atividade de Antónia Aguiar, que percorre as festas do concelho a confecioná-los à vista dos compradores, atraindo-os com as chamas do seu forno transportável e com o aroma da massa dos bolos a cozer. Há trinta anos que optou por este modo de vida. Começou por vender bolos numa banca no mercado e depois expandiu o negócio, abrindo uma loja e empregando várias pessoas. Revela, desta forma, que é possível honrar uma tradição modernizando os meios.
Ingredientes
1,5 kg de farinha de trigo; 0,2 l de azeite fino; 500 g de açúcar amarelo; sumo e raspa de vidrado de li¬mão; uma pitada de canela em pó; 30 g de manteiga; bicarbonato de sódio q.b.; erva-doce q.b.; fermento de padeiro q.b.; sal q.b.
Preparação
Dissolve-se em água tépida o fermento com uma pitada de sal e trabalha-se um pouco. Junta-se à fari¬nha e acrescenta-se-lhes o açúcar, a canela, a raspa do vidrado do limão, a erva doce e o bicarbonato. Mistura-se tudo e rega-se com o azeite e a mantei¬ga a ferver. Mistura-se novamente, para desfazer os torrões que se formam e junta-se o sumo de limão e água suficiente para começar a amassar. A massa é trabalhada até ter boa consistência. Embrulha-se depois num pano de algodão e cobre-se com um cobertor de lã, deixando-se em repouso de um dia para o outro, cerca de 10 a 12 horas, até levedar bem. Passado este tempo, tendem-se uns rolos de cerca de 15 cm de comprimento, achatam-se as pontas e apertam-se ao meio para formar um estrangulamen¬to, ficando com uma cabeça para cada lado. Os bolos são colocados num tabuleiro untado e pincelados com ovo batido. Cozem em forno bem quente (cerca de 250º C), durante cerca de 10 minutos.
Texto e foto: ‘Os Sabores da Nossa Terra’ – ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte