A origem da Farrinha Torrada é incerta, mas sabe-se que, em Sesimbra, nos finais do século XIX, começou por ser usada como remédio caseiro
A origem da Farrinha Torrada é incerta, mas sabe-se que, em Sesimbra, nos finais do século XIX, começou por ser usada como remédio caseiro para tratamento de algumas maleitas, como a constipação e a tosse. Além disso, como é um bolo seco, bastante energético e de longa duração, servia de alimento aos pescadores que andavam embarcados durante a faina em alto-mar. Durante o processo de registo e fixação da receita pela Inspeção Geral das Atividades Culturais, a Câmara Municipal recolheu testemunhos de vários sesimbrenses, alguns com cerca de 80 anos de idade, que ainda se recordam da Farinha Torrada feita pelas avós. Inicialmente, o bolo era confecionado apenas com farinha e açúcar. Com a casca de limão, cortada minuciosamente com tesoura, e a canela, a farinha passou a ter um gosto mais característico e diferenciador. Os ovos foram introduzidos para tornar o bolo mais macio. Posteriormente, foi introduzido o chocolate, mas era apenas utilizado pelas famílias abastadas ou em épocas festivas, dada a fragilidade de recursos da sociedade sesimbrense daquela época. Cozido em púcara e em forno a lenha, o bolo era cortado em quadrados e a meio da cozedura. Agora, no âmbito do Programa Integrado de Valorização da Frente Marítima de Sesimbra, a especialidade saltou do âmbito caseiro e tornou-se moda nas pastelarias do concelho.
Ingredientes
500 g de farinha, 500 g de açúcar; 4 ovos; 1 tablete de chocolate; 1 colher de sopa de canela; raspa de casca de limão.
Preparação
Mistura-se a farinha de trigo, os ovos, o chocolate raspado, o açúcar, a canela e a raspa de casca de limão. Espalha-se a massa num tabuleiro e leva-se ao forno a temperatura média durante cerca de 20 minutos. Depois, é só retirar o bolo do tabuleiro, cortar em quadrados e a Farinha Torrada está pronta a comer43.
Harmonização sugerida pela CVR Setúbal
Este doce, desconhecido muitas vezes pelos turistas que nos visitam, torna-se uma verdadeira delícia quando acompanhado por um Moscatel Roxo (DO Setúbal), o mais raro e delicado dos Moscatéis de Setúbal. Este ligará perfeitamente com os ingredien¬tes, sobretudo com o chocolate. O Moscatel Roxo é rico nos aromas e exuberante na boca, revelando, na maioria das vezes, notas a laranja cristalizada, café e frutos secos. Apesar de doce, é fresco e muito elegante. Um vinho cheio de encanto.
Texto e fotos: Livro ‘Os Sabores da nossa Terra’: ADREPES – Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal.
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