//Apanhar, ‘depurar’ e cozinhar caracóis

Apanhar, ‘depurar’ e cozinhar caracóis

Veja aqui algumas dicas para se divertir a apanhar, depurar e cozinhar estes moluscos gastrópodes.

Se algum dia se levantar cedo (quando eles andam por cima da vegetação) para apreciar a natureza e aproveitar para apanhar caracóis, uma divertida atividade para fazer em família, NUNCA os cozinhe imediatamente a seguir. É que antes de serem consumidos os caracóis têm de libertar tudo o que está no intestino. Faça-lhes uma depuração.
Arranje uma caixa limpa, de preferência de madeira, tape-a com uma rede fina ou, se for possível, coloque sal nos bordos para que não fujam do viveiro. Após dois ou três dias de jejum, retire-os, limpe a caixa e volte a colocá-los na ‘gaiola’ por mais dois ou três dias, alimentando-os com finas rodelas de batata.

Para os cozinhar deve passá-los por várias águas até que não deitem mais espuma.
Normalmente, os caracóis adquiridos no comércio especializado já passaram pelo período de jejum, pelo que podem consumir-se de imediato.
Há quem os cozinhe das mais variadas formas. Cozidos com mais ou menos condimentos como toucinho ou chouriço, estufados, guisados ou, sobretudo as caracoletas, grelhadas.
Mas não há nada como a simplicidade da tradição. Se ainda não é um «veterano» dos caracóis, o melhor é começar por confecioná-los «à portuguesa».
Leve os caracóis ao lume numa panela de água, com o lume muito brando para que eles ‘coloquem os cornos de fora’. Quando estiverem inertes, junte um fio de azeite, sal, dentes de alho, uma folha de louro e alguns orégãos.
Se quiser aceitar uma sugestão, não os ‘estrague com caldos, presuntos e outros ‘adulteradores’ de sabor. Faça-os simples, para lhes apreciar todo o sabor.

Mas se preferir algo mais ‘elaborado, fique com alguns exemplos do que este ano pelos motivos que todos conhecemos não acontecerá, mas em julho do ano passado se apresentou no Festival do Caracol Saloio em Loures:
Ainda assim, seria fraco tempero comparado com confeções atuais como a Feijoada de Caracol, Rancho de Caracol, Rissóis de Caracol, Patê de caracol, Pataniscas de Caracol, Pica-Pau de Caracol, Caldeirada de Caracoletas, Massada de Caracóis, Caril de Caracóis, Caracoletas de Coentrada, Chili de Caracoleta, Quiche de Caracoleta, Bacalhau com Caracoleta, Caracoleta à La Guilho, Chamuças de Caracol.

Ou no Festival do Caracol que, também em 2019, decorreu entre os dias 5 e 7 de julho em Campinho, localidade do concelho de Reguengos de Monsaraz:
Caracol à Bulhão Pato, Caracol com Molho de Mostarda, Caracol de Cebolada, Caracol em Molho de Tomate, Caracol Cozido, Carne de Porco com Caracol, Feijoada de Caracol e Caracoletas Grelhadas.

A versatilidade nutricional do caracol já levou organizações de saúde de países em desenvolvimento (a Nigéria foi a primeira a dar o exemplo) a promoverem o seu consumo com vista a suprir algumas carências nutricionais existentes na população.

Confeção: Carne de porco com caracóis (Festival do caracol em Campinho – Reguengos de Monsaraz/2019)