De acordo com certas definições, se o objetivo da viagem é almoçar, jantar, ou visitar uma feira, festival ou outro evento com a temática da gastronomia, então sim, é Turismo Gastronómico.
E se o objetivo da viagem é passear numa mata, apreciar as maravilhas da natureza e depois ir fazer uma refeição num restaurante de referência nessa zona? É turismo de natureza ou gastronómico?
Na verdade, no turismo de praia e sol, religioso, de natureza, histórico, industrial, etc., ainda que o objetivo seja uma das temáticas referidas, o turista almoça, janta, petisca. O que quer dizer que o turismo gastronómico está associado a outras motivações de lazer.
A OSTELEA – School of Tourism & Hospitality de Barcelona refere que: “o turista gastronómico procura uma experiencia única, com sabores subtis e autênticos e rotas personalizadas segundo a sua preferência. O património gastronómico de cada lugar oferece-se a um viajante interessado e previamente informado da cultura que vai conhecer”.
Mas temos também a componente «Turismo Culinário» que pode colocar-nos a seguinte questão: se participarmos na confeção da refeição que seguidamente vamos comer, isso é Turismo Culinário ou Turismo Gastronómico?
Teremos talvez aqui, de novo, a questão da diferença entre gastronomia e culinária.
No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, gastronomia é: (gastro+nomia) – Conjunto de conhecimentos e práticas relacionados com a cozinha, com o arranjo das refeições, com a arte de saborear e apreciar as iguarias.
A mesma fonte define culinária da seguinte forma: (do latim culinarius,-a,-um, relativo a cozinha) – Arte de cozinhar.
Já o Dicionário de Gastronomia, de Maria Antónia Goes (Colares Editora) define gastronomia como: arte de bem comer e saber escolher as melhores bebidas para acompanhar os melhores cozinhados; do grego: gaster, estômago, nomo, lei e o sufixo ia, que forma o substantivo.
No mesmo dicionário, culinária é definido como: arte de bem cozinhar.
Já a World Travel Food Association (WTFA) define Turismo Culinário como parte de uma experiência turística completa na medida em que a Gastronomia representa uma fatia importante do Turismo Cultural e está intimamente ligado ao Turismo Rural pela sua relação com as atividades agrícolas que produzem os ingredientes necessários à produção de refeições. Em janeiro de 2014, a WTFA publicou um manual intitulado «Have Fork Will Travel»onde se afirma que o Turismo Culinário não pode ser reduzido ao designado Turismo Gastronómico porque segundo a WTFA este nicho «gourmet» compreende apenas 8,1% do total de viagens turísticas.
A APTECE – Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia lançou no final do ano 2014 o Manual Prático de Turismo de Culinária que tem como objetivo “proporcionar, às entidades interessadas, as ferramentas para tornar o turismo de culinária mais competitivo e interessante, não apenas do ponto de vista económico, mas com vista à preservação da cultura local, regional e nacional”.
Este texto foi publicado no Jornal dos Sabores em abril de 2016, mas a maior parte das questões levantadas continuam atuais.
E ir beber um copo fora, é enoturismo?
Estes são temas que serão abordados aqui no Jornal dos sabores em próximas edições.
Amilcar Malhó
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