Água do rio Tejo, que rega os campos portugueses e espanhóis, numa situação de problema sério, pode ser contaminada por resíduos nucleares.
O alerta é do dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Dinis, em declarações à Lusa, acrescentando que Portugal “produz bons alimentos e com qualidade alimentar” mas, colocando a hipótese de um cenário em que os terrenos sejam contaminados por radioatividade, estaremos perante um acontecimento “perfeitamente trágico”.
João Dinis lembrou que “já houve pequenos problemas nessa central nuclear, que está situada junto ao Tejo, e temos exemplos das tragédias que aconteceram com centrais nucleares”, lembrou, sublinhando que já a central nuclear é um perigo, e “agora este depósito é um perigo acrescido e real”.
O dirigente afirmou esperar que “o Governo português e a União Europeia, dialogando com o Governo de Espanha, evitem a todo o custo que se empurre para o quintal português o lixo nuclear tóxico que os espanhóis estão a produzir na sua central nuclear”.
Membros de organizações que se manifestam contra a construção do armazém nuclear fazem questão de lembrar à opinião pública e aos governantes que “estas situações são apenas hipóteses, até ao dia em que tornam realidade, com consequências que serão irreversíveis”.
Recorde-se que o processo para a construção do Armazém Temporário Individualizado (ATI) da Central Nuclear Almaraz teve início em 18 de novembro de 2015, quando o diretor-geral das Centrais Nucleares de Almaz-Trillo (CNAT) solicitou a autorização para a construção do armazém de resíduos nucleares, com o objetivo de resolver as necessidades de armazenamento do combustível gasto nos reatores.
A central, a funcionar desde o início da década de 1980 está localizada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
Portugal apresentou queixa em Bruxelas contra Espanha depois de os Governos dos dois países não terem conseguido chegar no dia 12 a acordo sobre a construção de um aterro nuclear na central de Almaraz, que Lisboa contesta.