//Temos ainda a grande tradição petisqueira do “fazer as onze”

Temos ainda a grande tradição petisqueira do “fazer as onze”

António José Lopes Anselmo, presidente da Câmara Municipal de Borba, em entrevista no âmbito das comemorações do 10º aniversário da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV).

Que balanço faz dos 10 anos da AMPV, de que o município de Borba é um dos fundadores?

A AMPV tem vindo a singrar caminho e a afirmar-se na promoção dos vinhos portugueses e dos Municípios seus produtores. É notória e de louvar o esforço, a perseverança que a Associação tem demonstrando promovendo e participando em Eventos Turísticos Enológicos, por exemplo, a “Cidade Europeia do Vinho – Reguengos de Monsaraz”, a atribuição do título de “Cidade Portuguesa do Vinho”, e outros concursos realizados pela AMPV, extremamente importantes para a divulgação dos vinhos portugueses.

Que importância atribui ao produto vinho/gastronomia na oferta turística nacional?

O vinho é um setor primordial para a oferta turística nacional e muito especial para o Alentejo. Em torno do VINHO têm vindo a ser desenvolvidos produtos e ofertas muito interessantes e inovadoras que tornam os nossos destinos de excelência e trazem para Portugal distinções muito importantes como foi a eleição do “Alentejo como a melhor região de enoturismo do mundo”, em 2014, pelo jornal “USA Today”.

No setor do vinho há algo que o preocupe a nível nacional?

Em vez de falar de preocupações, prefiro acentuar desafios e chamar a atenção para alguns caminhos que a mim me parecer ser fulcrais na questão dos vinhos, como aliás na maioria dos sectores. É fundamental que não percamos a nossa identidade e os nossos vinhos continuem a valorizar as castas nacionais, os métodos de produção e as raízes e a autenticidade, pois sem tal não poderemos afirmar-nos, nomeadamente no mercado externo, atendendo a uma cada vez maior competição.

Que opinião tem sobre o serviço de vinhos nos restaurantes em Portugal atualmente?

A aproximação dos vinhos à restauração portuguesa tem sido um caminho muito interessante de seguir e só tem contribuído para a melhor promoção dos dois – Gastronomia e Vinhos. São mesmo inseparáveis e é em conjunto que se devem promover. Só antevejo enriquecimento e valorização da oferta se trabalharem em conjunto.
Há que dar as mãos e trabalhar afincadamente na promoção e valorização dos Vinhos e Gastronomia. É um bom vinho que dará sempre o toque especial e único a uma refeição.

Que importância atribui ao produto vinho/gastronomia na oferta turística do seu concelho?

Da maior importância.
Atualmente são os vinhos de Borba que mais longe levam o nome do nosso concelho e anualmente trazem prémios e distinções de enorme importância.

São os vinhos o nosso maior motor de riqueza e promoção. Empregando muita da população local, trazendo inovação tecnológica e uma nova esperança de futuro àqueles que por cá ficam e pretendem desenvolver carreiras profissionais de referência.

Depois, são os Vinhos que mais chamam turistas a Borba. Em boa hora, Borba abraçou e arrancou com uma Festa da Vinha e do Vinho que, em novembro, durante nove dias traz até nós milhares de visitantes, seja para provar e degustar vinhos e iguarias produzidas e confecionadas por nós, seja para visitar a Festa e a cidade ou participar nos vários espetáculos e animações.

O que oferece o seu concelho, especificamente na área do enoturismo?

O nome “Borba” está intrinsecamente ligado ao VINHO. Falar de Borba é também falar de vinho e nesta área têm sido feitos grandes investimentos e melhorias.

Temos no concelho cerca de uma dezena de produtores com adegas modernas e visitáveis, algumas objeto de obras de beneficiação nos últimos tempos, com a criação de alojamento e espaços de restauração.

E quanto à oferta gastronómica?

Borba é um concelho muito rico em termos gastronómicos. O nosso povo soube preservar receitas e ritos antigos de preparação e confeção dos alimentos, segredos que trazem a Borba inúmeros turistas para provar as nossas especialidades e iguarias.

E depois temos ainda a grande tradição petisqueira, o “fazer as onze”, como dizem os mais antigos, costume muito usual nos novos e mais velhos de Borba que é encontrarem-se ao final da manhã, nas Tabernas e estabelecimentos de restauração, para dois dedos de conversa em torno de um petisco e um copo de vinho.

São afamados os comeres e beberes de Borba e são também estes que trazem até nós muitos visitantes, com especial atenção para os nossos vizinhos, do lado de lá da raia.

Que outros produtos turísticos destaca para além do vinho e da gastronomia?

O Mármore e tudo o que envolve este importante património geológico e indústria do concelho; os queijos de Borba, produzidos maioritariamente na Freguesia de Rio de Moinhos (motivo de Festa e promoção no Evento “Queijo e Sabores de Borba”, realizado pela Páscoa), as Ervas Alimentares e Aromáticas (com Festa na Orada, em maio), o legado militar das campanhas da Restauração associado a Borba, cujo momento mais alto é a Batalha de Montes Claros (travada em solo borbense, a 16 de Junho de 1655), o património imaterial consubstanciado nas nossas tradições, usos e costumes, cujo Teatro de Bonecos (com a coleção do Mestre Sandes e a Memória do Mestre talhinhas) é expoente máximo.

Mas nada melhor do que vir até Borba e apreciar tudo cá. Vai ver que não se arrepende porque “Borba faz bem”!

Qual o seu prato preferido? E o vinho para o acompanhar?

Nas carnes, sugiro um cozido de grão cá de Borba, acompanhado por um dos nossos tintos, bem encorpado. Já uma açorda de bacalhau, merece um branco.

No âmbito das comemorações do 10º aniversário da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), que se assinalou a 30 de abril, o Jornal dos Sabores está a publicar entrevistas com autarcas dos municípios fundadores desta associação intermunicipal.