AMPV assinala 13º aniversário mantendo, neste tempo de pandemia, o objetivo de ‘agitar’ os municípios vinhateiros.
Pode dizer-se (sem rigor) que no início do atual milénio alguns municípios já se preparavam para acompanhar o crescimento do setor vitivinícola enquanto outros, reconheça-se, ainda não tinham despertado verdadeiramente para o sucesso que, sabemos hoje, os vinhos portugueses viriam a alcançar.
Perante o conhecimento do que estava a nascer em países próximos de nós e a evidência da necessidade de ‘organizar’ em Portugal esta herança social, cultural e económica, nasceu em 30 de abril de 2007 a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), com o objetivo de ‘olhar’ para o vinho não como um produto isolado, mas como um todo que não pode ser dissociado do território onde ‘nasce’.
Começou com um reduzido número de associados, mas com um enorme conjunto de tentativas de ‘bota abaixo’ em que talvez a mais expressiva tenha sido o coro de ‘profetas’ da curta duração desta ‘aventura’, como lhe chamaram muitos que sentiram ameaçadas as suas ‘quintinhas’. Eu estava lá e lembro-me bem, tanto mais que alguns, sabendo da minha colaboração com o projeto, faziam questão de tentar, ‘mandar recados’.
Mas felizmente, até para alguns dos referidos, a AMPV comemora agora treze anos e aproxima-se da centena de municípios associados, numa inequívoca manifestação de pujança que, em minha opinião, se deve fundamentalmente a uma enorme capacidade de introduzir novidades, renovar, inventar e criar que o dicionário define como inovar e a que eu acrescento, ‘agitar’.
Porque o potencial existia, como se comprova pela atitude dos municípios e dos produtores destes territórios vinhateiros que se afirmam a nível nacional e internacional. Sobretudo dos pequenos e médios produtores porque as grandes empresas, sendo obviamente importantes para a notoriedade dos nossos vinhos, dispõem dos recursos próprios suficientes.
A AMPV construiu a rede que permite a troca de experiências entre os decisores da política local mas também, e sobretudo, entre os técnicos das autarquias que com grande dedicação estão no terreno a aplicar as estratégias municipais ou regionais, estimulando a relação das autarquias com pequenos e médios produtores e outros agentes do enoturismo.
Um dos exemplos do sucesso desta ‘relação’ é a participação no concurso internacional de vinhos ‘La Selezione del Sindaco’ em que o produtor só pode concorrer em conjunto com o município respetivo. E, assinale-se, Portugal tem sido um dos países mais premiados.
Alguns outros exemplos do dinamismo referido são:
– Projeto ‘Cidade do Vinho’, iniciado em 2009, com o objetivo de valorizar a riqueza, a diversidade e as caraterísticas comuns dos territórios associados à cultura do vinho e de todas as suas influências na sociedade, na paisagem, na economia, na gastronomia e no património.
– Rede de Museus Portugueses do Vinho, que surgiu com o intuito de valorizar e promover os espaços museológicos ligados ao vinho e à sua cultura, através da criação de uma dinâmica própria de cooperação, com um plano de atividades próprio, intercâmbio de informações, de coleções ou apoio na organização de eventos.
– Rainha das Vindimas de Portugal, que se realiza anualmente, desde 2009, em colaboração com o município detentor do título de ‘Cidade do Vinho’ e com o objetivo de ‘chamar a atenção’ dos jovens para a necessidade da preservação das tradições e da cultura rural mais genuínas do povo português.
As jovens candidatas ao título representam municípios associados da AMPV e são eleitas em concursos organizados pelas respetivas autarquias, antes da sua apresentação na gala nacional de eleição que, ao longo de mais de uma dezena de edições tem vindo a afastar-se dos modelos associados a eleições de ‘misses’.
– Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal (ARVP), constituída em 2014 como resultado de um projeto impulsionado pela AMPV, com o objetivo de fomentar um turismo de vinho de qualidade, baseado numa promoção integrada das Rotas do Vinho.
A nível internacional destaque-se, como exemplos:
-Atual presidência da Rede Europeia de Cidades do Vinho (RECEVIN), que conta com o apoio das associações nacionais de cidades do vinho presentes na maioria dos países membros da Rede – Alemanha, Áustria, Bulgária, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália, Portugal e Sérvia – e que se traduz na força de cerca de 700 cidades de toda a Europa.
Associação Mundial de Enoturismo – AMETUR (ex-Aenotur) centrada no desenvolvimento e promoção do enoturismo a nível mundial e de que a AMPV é sócia fundadora.
Amilcar Malhó
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