A Uber criou um serviço de entregas de refeições. Os táxis entregam diretamente.
Primeiro veio a ‘revolução’ nos transportes urbanos, com a (natural) contestação dos motoristas de táxi, face à repentina e muito significativa ‘fuga’ de clientes.
Depois, a multinacional americana criou a plataforma de entrega de refeições e alimentos online Uber Eats que, aparentemente, iria ser um bom parceiro para os restaurantes. Se tivermos em conta o aparecimento de outras empresas a oferecer o mesmo tipo de serviços, parece confirmar-se que o negócio é rentável.
Mas o mesmo já não se pode dizer quanto aos restaurantes que muito têm protestado pelos elevados valores de comissões cobrados por estas plataformas, sobretudo tendo em conta os tempos difíceis que vivem por, alguns, apenas viverem das refeições vendidas para entrega.
E como em muitos outras áreas da nossa vida, a pandemia obrigou a «virar tudo do avesso» com os táxis a fazerem agora concorrência às poderosas empresas tecnológicas, pelo menos no serviço de entregas de refeições.
Já em 2020 muitos municípios encontraram esta solução para, em simultâneo, apoiarem as duas áreas de negócio. Os restaurantes fornecem as refeições, minimizando assim os efeitos da diminuição os mesmo total presença de clientes em sala e os táxis compensam minimamente os efeitos dos veículos vazios e parados.
Vejamos três exemplos atuais:
No Alentejo
O Município de Reguengos de Monsaraz vai continuar a apoiar os setores da restauração e de táxis durante o período de confinamento decretado pelo governo devido à pandemia de covid-19. À semelhança do que aconteceu nos últimos fins-de-semana, de 15 a 29 de janeiro a autarquia vai oferecer o serviço de entrega de refeições à população e aos visitantes que estejam nos alojamentos turísticos do concelho.
Qualquer pessoa que esteja na área geográfica do município poderá contactar os estabelecimentos aderentes para escolher a sua refeição e a câmara municipal oferecerá o serviço do táxi que a vai entregar no domicílio.
Na Grande Lisboa
Lançada pela primeira vez em novembro, e desde aí várias vezes colocada em prática, esta iniciativa vai estar em vigor diariamente, entre 15 e 30 de janeiro. Ao longo desse período, tanto ao almoço como ao jantar, os munícipes de Loures podem encomendar refeições em restaurantes do concelho, proceder ao pagamento (através dos meios disponibilizados pelos estabelecimentos de restauração) e aguardar em casa pelas encomendas, entregues pela Cooptáxis.
Esta iniciativa representa um apoio da Autarquia a dois setores de atividade – o da restauração e o dos táxis –, num momento em que a economia se encontra particularmente fragilizada, devido à pandemia de COVID-19.
No Norte
“Ajude a nossa restauração. Vamos levar o melhor peixe do mundo (ou o que preferir) à sua mesa!” é o mote, com a iniciativa ‘Matosinhos.come’ alargada a todos os dias da semana e aos concelhos limítrofes.
“De segunda a domingo, ao almoço e ao jantar”, o serviço de entrega gratuita do município de Matosinhos estará a funcionar em articulação com os restaurantes locais e a Matocooper-Cooperativa de Táxis do Concelho de Matosinhos.
Basta contactar o restaurante escolhido, fazer uma encomenda de valor mínimo de 5 euros e esperar a entrega por “um dos 75 taxistas disponíveis”. O pagamento é feito diretamente ao restaurante por meios digitais ou pode ser entregue ao taxista.
Diz-se que a vingaça serve-se fria. Neste caso, é como se fosse a ‘vingaça’ dos táxis, mas com o objetivo de chegar a casa dos clientes com a ‘comida quente’.
Falta agora saber se o setor dos táxis vai saber ‘aproveitar’ para o futuro esta nova experiência, ou vai continuar a não perceber que um táxi já não pode ser apenas um veiculo com quatro rodas no chão.
Amilcar Malhó
You must be logged in to post a comment.