//12 latas de salsichas para Moçambique ‘custam’ 200 euros

12 latas de salsichas para Moçambique ‘custam’ 200 euros

Alimentavam-se 20 pessoas durante um mês, com o custo de envio de uma dúzia de latas de salsichas para as vítimas do Idai.

“Há latas de salsichas em Moçambique, não é preciso trazer latas do outro lado do mundo” que custam 200 euros à dúzia, disse o coordenador de emergência do Programa Alimentar Mundial (PAM), em entrevista à agência Lusa.

Pedro Matos acrescenta que “o PAM gasta apenas 10 euros para alimentar uma pessoa durante um mês, já com os salários dos trabalhadores das organizações, armazenamento transportes e logística incluídos, compara o responsável sublinhando que ele próprio e “a maior parte das pessoas do mudo humanitário estão convencidos de que a melhor forma de ajudar é em dinheiro”.

Quanto à desconfiança – muitas vezes com fundamento – de que o dinheiro é desviado, o dirigente humanitário argumenta que “na realidade, não há motivo nenhum para acreditar que o dinheiro é desviado e o arroz não”. Acrescenta ainda que “com contentores e contentores a chegar ao porto da Beira e a ficarem lá porque não há ninguém para ir separar a roupa da comida” é mais fácil “alguém meter a mão no contentor” e é mais provável que os bens sejam desviados.
A isto acrescenta-se a possibilidade uma grande parte de alimentos ou bens enviados serem culturalmente desajustados não sendo, portanto, considerados úteis pelas populações como “por exemplo, fraldas, ninguém usa fraldas”, detalhou Pedro Matos.

O coordenador de emergência do PAM afirma que “se recebermos doações em dinheiro, conseguimos controlar toda a cadeia de valor, desde a compra até à entrega” sugerindo, portanto que quem faz os donativos escolha uma organização em que confie e procure informações na Internet sobre o destino que é dado aos seus donativos em sites como o www.charitynavigator.org, onde podem comparar várias ONG, avaliar a percentagem que é gasta em custos administrativos e em alimentação, entre outros elementos.

Recorde-se que a Cruz Vermelha Portuguesa no início da Operação Imbondeiro, para apoiar Moçambique após a passagem do ciclone Idai, angariou mais de 400 mil euros e que, como referiu em conferência de imprensa Francisco George, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, 295 mil euros foram utilizados para fretar um avião de mercadorias.

Do cabaz básico que está a ser distribuído aos afetados pelo Idai, preparado para fornecer 2.100 calorias por pessoas, fazem parte hidratos de carbono, normalmente arroz ou milho, leguminosas como feijões ou lentilhas, cereais, óleo e sal.
O PAM distribui também sementes para que as pessoas possam produzir os seus próprios alimentos.